Introdução – A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite sistêmica de etiologia desconhecida que afeta grandes artérias, como a aorta e seus principais ramos. O infiltrado inflamatório da parede arterial é composto por macrófagos, células gigantes multinucleadas, células NK (natural killer), neutrófilos e linfócitos T CD4+, linfócitos CD8+ e linfócitos T γδ. Não há estudos avaliando os fenótipos de macrófagos presentes no infiltrado inflamatório da parede arterial em pacientes com AT. Objetivos – O objetivo primário foi avaliar qual fenótipo dos macrófagos M1 / M2 é predominante no infiltrado inflamatório na aorta de pacientes com AT. Os objetivos secundários foram: comparar a frequência de macrófagos, linfócitos T, linfócitos B e de células NK na aorta de pacientes com AT, indivíduos com doença aterosclerótica (DA) da aorta e controles saudáveis (CS); descrever a localização preferencial da infiltrado de macrófagos nas camadas da parede da aorta em pacientes com AT e analisar associações entre a frequência de macrófagos, linfócitos T, linfócitos B e células NK na aorta com atividade clínica de doença, atividade histológica, lesões ateroscleróticas e uso de prednisona. Material e Métodos – Foi realizado estudo transversal utilizando a técnica de imunohistoquímica para avaliar a expressão de CD68 (macrófagos), CD3 (linfócitos T), CD20 (linfócitos B), CD56 (células NK) e de CD86 e CD206, marcadores de macrófagos M1 e M2 em infiltrados inflamatórios na aorta de pacientes com AT (n = 22), AD (n = 9) e CS (n = 8). Resultados – A aorta torácica foi avaliada em 86,4% dos pacientes com AT, em 77,8% dos pacientes com DA e em 100% dos CS. A aorta abdominal foi avaliada nos demais casos. O procedimento cirúrgico foi realizado no momento do diagnóstico em 54,5% dos pacientes com AT. Atividade clínica da doença foi observada em 54,5% dos casos, atividade histológica em 40,9% e lesões ateroscleróticas em 27,3% dos pacientes com AT. Apenas 36,3% dos pacientes com AT estavam em terapia com glicocorticoides, imunossupressores e/ou agentes biológicos. A frequência de macrófagos, macrófagos M1, linfócitos T, linfócitos B e de células NK foi significativamente maior na aorta de pacientes com AT e DA em relação a CS, mas não houve diferença entre os grupos em relação ao macrófago M2. Macrófagos e linfócitos T foram as células mais frequentemente encontradas na aorta de pacientes
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com AT, enquanto os macrófagos M2 foram mais frequentes que os M1. Não foram observadas diferenças significativas quanto a expressão de marcadores de macrófagos, linfócitos T, linfócitos B e de células NK quanto a atividade de doença ou quanto à presença de lesões ateroscleróticas concomitantes na AT. A frequência de linfócitos T é significativamente maior em pacientes com atividade histológica da AT, em comparação àqueles que apresentam apenas lesões fibróticas, mas nenhuma diferença foi observada quanto a frequência de macrófagos e de suas subpopulações. O uso de prednisona se associou a menor frequência de linfócitos T na aorta de pacientes com AT. Conclusões – Os macrófagos M2 são mais frequentes na parede da aorta de pacientes com AT, em relação aos macrófagos M1. Macrófagos e linfócitos T são as células mais encontradas no infiltrado inflamatório na aorta de pacientes com AT. Atividade histológica se associa a maior frequência de linfócitos T, enquanto o uso de prednisona leva à redução significativa de linfócitos T na parede arterial de pacientes com AT.