Alphitobius diaperinus é a principal praga de aviários de corte em todo o mundo e o
seu controle é realizado, predominantemente com inseticidas químicos sintéticos, os
quais são prejudiciais às aves e ao ambiente, além da baixa eficiência de controle
sendo, entretanto, a única disponível. O controle biológico com Bacillus thuringiensis
pode ser uma alternativa viável, toxicológica e ecotoxicológicamente mais segura para
o controle de A. diaperinus. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a
patogenicidade de linhagens de B. thuringiensis sobre larvas e adultos de A.
diaperinus, em condições de laboratório e semi-campo e determinar o perfil genético
destas. Na avaliação in vitro foram utilizadas as linhagens Br 12, Br 58, Br 67, Br 80,
Br 137 e Br 138 à 3x10
8
UFC/mL
-1
(tratamentos), em dois bioensaios (larvas e
adultos). Para tal, foram misturados 10 mL de cada tratamento em 20g de ração de
frango e particionados em oito placas (repetições) de 12 poços, sendo que cada poço
recebeu uma larva de quarto ínstar. No bioensaio com adultos as repetições
constaram de placas de Petri com 12 insetos cada, totalizando 96 insetos por
tratamento em cada bioensaio. As placas foram acondicionas em câmara cl imatizada
e o número de insetos mortos quantificado ao longo de 10 dias. Para o bioensaio de
semi-campo foram utilizadas as mesmas linhagens, exceto a Br 80 e Br 138. Para tal,
foi preparada uma mistura de cama de aviário e ração de frango em caixas plásti cas
- unidades experimentais (UE), que recebeu 40 insetos (20 larvas de quarto instar e
20 adultos) cada e, então pulverizados 3 mL de cada tratamento sobre a cama. As UE
foram alocadas em ambiente climatizado e a avaliação ocorreu ao 7° e 10°, dias,
quantificando-se os insetos mortos. As linhagens foram submetidas a PCR e posterior
corrida de Eletroforese em gel de agarose para determinar o perfil genético. Nos testes
in vitro as linhagens Br 12, Br 58, Br 67 e Br 137 causaram mortalidade acumulada
para larvas de A. diaperinus, respectivamente de 65,6%, 66,6%, 66,6%, e 69,7%,
diferindo significativamente da testemunha (26,0%). Na avaliação ao longo do tempo
a mortalidade causada pelas linhagens foi significativa somente no período de 96-144
horas, Br 67 (32,2%) e Br 80 (30,2%), e no período de 168-216 horas a linhagem Br
137 (31,2%). No bioensaio com adultos de A. diaperinus, somente a linhagem Br 58
causou mortalidade acumulada significativa (35, 4%), o que não foi verificado nas
avaliações ao longo do tempo em nenhum dos tratamentos. No bioensaio de semi-campo nenhuma das linhagens testadas causou mortalidade significativa para larvas
ou adultos de A. diaperinus. Com relação ao perfil genético foram encontrados genes
codificadores para as toxinas Cry4 e Cry10, caracterizando as linhagens como
subespécie israelensis. As linhagens de B. thuringiensis subespécie israelensis são
patogênicas para larvas de A. diaperinus em condições de laboratório. Para a
utilização de B. thuringiensis em campo, são necessários estudos visando
desenvolver estratégias de inserção no manejo das populações desta espécie.