O consumo alimentar residual (CAR) é uma característica de eficiência alimentar que expressa a diferença entre o consumo observado e o predito, e identifica animais que consomem menor quantidade de alimento independente de características de mantença e produção. O objetivo do presente estudo foi avaliar a eficiência alimentar de vacas Nelore em lactação, e o efeito da classe de eficiência alimentar no desempenho e produtividade das vacas, do nascimento à desmama dos bezerros. Foram avaliadas 53 vacas contemporâneas, com peso médio inicial de 484±43 kg e idade média de 1120±37 dias, submetidas a teste de desempenho no GrowSafe® Systems, dos 22±5 até os 190±13 dias em lactação, para obtenção do consumo de matéria seca (CMS) diário. A dieta foi volumosa, com relação volumoso:concentrado de 90:10. Vacas e bezerros foram pesados a cada 23 dias, para o cálculo da eficiência produtiva (EP). Foram também obtidos o ganho médio diário (GMD) e o peso corporal médio metabólico (PV0,75), utilizados no cálculo do CAR das vacas e avaliação do desempenho dos bezerros. A produção de leite das vacas foi avaliada aos 63±5, 84±5 e 152±5 dias em lactação por meio de ordenha mecânica. O leite foi analisado quanto aos teores de gordura, proteína e lactose, constituintes utilizados para o cálculo da produção de leite corrigida (PLC) para energia. Aos 21±5, 82±5, 143±8 e 184±12 dias em lactação as vacas foram avaliadas quanto à espessura de gordura subcutânea (EGS) por ultrassonografia. Aos 15±5, 41±5, 62±5 e 124±5 dias após o parto, foram coletadas amostras de sangue para análises dos metabólitos de “status” energético (glicose, colesterol, triglicérides e β-hidroxibutirato), “status” proteico (albumina, ureia e creatinina), “status” mineral (cálcio, fósforo e magnésio) e “status” hormonal (insulina e cortisol). O CAR das vacas foi calculado considerando CMS, GMD e PV0,75 obtidos na primeira fase de lactação (dos 22±5 aos 102±7 dias em lactação), e as vacas foram classificadas em CAR negativo (mais eficientes) ou CAR positivo (menos eficientes). O modelo de CAR explicou 53% da variação do CMS. As médias de CMS, GMD, PLC, EGS e EP foram de 12,47±2,70 kg MS/dia, 0,632±0,323 kg/dia, 10,47±3,23 kg/dia, 8,85±3,43 mm e 36,61±5,39 %, respectivamente, com média de peso dos bezerros à desmama de 225±32 kg. Vacas CAR negativo consumiram 11,5% menos MS que vacas CAR positivo, com desempenho e perfil metabólico similar, exceto pela menor quantidade de proteína no leite e maior concentração de colesterol no sangue que vacas CAR positivo. Em conclusão, vacas CAR negativo (mais eficientes) consumiram menor quantidade de matéria seca, sem diferenças na quantidade de leite corrigido para energia e na espessura de gordura subcutânea, apresentaram perfil metabólico similar e desmamaram bezerros com desempenho semelhante quando comparadas às vacas CAR positivo (menos eficientes). Portanto, o CAR se torna útil na seleção das matrizes do rebanho, pois os animais mais eficientes consomem menores quantidades de alimento sem perdas em produtividade, produzindo bezerros com desempenho semelhante aos de vacas com maior consumo de alimento por dia.