A aquicultura esta em pleno crescimento global e o Brasil tem potencial para liderar o setor, se
considerarmos as características naturais do País. Uma importante parte da produção nacional é
composta de espécies nativas brasileiras, incluindo o híbrido tambatinga (Colossoma
macropomum x Piaractus brachipomum). A criação sustentável é essencial para combater tanto
a poluição ambiental quanto a desigualdade social. Empresas de pequeno e médio porte (SMEs)
em aquicultura foram preconizadas em estudos recentes por serem mais eficientes do que as que
praticam a aquicultura familiar. O objetivo deste estudo é verificar como o tamanho de fazendas
de cultivo da tambatinga, dentro do modelo SME, afetam a emissão de resíduos para o ambiente,
o desempenho econômica, o desenvolvimento social e a sustentabilidade do sistema de produção.
Para isso, fizemos uma pesquisa em 16 fazendas comerciais de tamanho progressivo, de 0.1 ate
220 há, na região nordeste do Brasil, durante o ano de 2016. Observamos que grandes fazendas
tendem a construir grandes viveiros que prejudicam a boa gestão da produção do peixe. Nas duas
maiores fazendas, os grandes viveiros e a ausência de canalização central levaram a um manejo
de despesca, venda e e preparo dos viveiros entre cultivos mais longos, gerando maior perda de
água por infiltração e evaporação. Esta maior perda também induziu ao reuso da água de um
viveiro em outro, que gerou maior concentração de material dissolvido e em suspensão nos
viveiros. Além disso, o aumento no tamanho das fazendas reduziu a eficiência no uso dos
recursos, especialmente espaço e energia. Se considerarmos unicamente a produção de peixe,
fazendas de tamanho médio (entre 1.5 e 12 ha) proporcionam a criação de mais postos de trabalho
por tonelada de peixe produzida por conta do uso de mão-de-obra em tempo integral, geram
renda maior e melhor distribuída, devido a uma economia de escala, que aumenta a eficiência no
custo operacional e no investimento. Considerando a cadeia produtiva toda, pequenas fazendas
que vendem o peixe diretamente ao consumidor final têm menor poder de criação de emprego,
mas apresentam maior margem de lucro com melhores indicadores econômicos. A pequena
produção facilita a comercialização e a distribuição da renda. A sustentabilidade econômica
claramente diminui à medida que aumenta o tamanho das fazendas. Além disso, indicadores
sociais mostram melhores resultados em fazendas menores, como equidade salarial, proporção
de auto-emprego, consumo local dos peixes e gasto da renda na própria região. A sustentabilidade
ambiental foi maior nas fazendas médias (2.8 to 5.2 ha). A economia de escala mostrou-se
eficiente para resuzir os custos de produção até fazendas de 12 ha. A partir daí, observa-se uma
“deseconomia de escala” com aumento dos custos.