Neoplasias em animais domésticos são afecções crescentes em medicina veterinária,
especialmente devido ao aumento da longevidade destes animais e aos melhores métodos
de diagnóstico. Em cães, os tumores ósseos são relativamente comuns e o osteossarcoma,
representa 85% das neoplasias ósseas diagnosticadas nesta espécie. Este trabalho teve como
objetivo descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos do osteossarcoma
canino de 2006 a 2018 e avaliar fatores prognósticos associados ao neoplasma. Os materiais
e métodos aplicados e resultados obtidos foram apresentados em dois artigos científicos. O
primeiro artigo descreve os aspectos epidemiológicos e patológicos de 36 casos de
osteossarcoma extraesquelético em cães. No período analisado, 2006 a 2016, o
osteossarcoma acometeu os tecidos moles em 16,7% dos casos. As fêmeas, com média de
10,4 anos de idade e peso médio de 19,5 kg foram mais acometidas. Não houve
predisposição racial. Os principais locais foram: glândula mamária (80,6%), tecido
subcutâneo (5,6%) e fígado (5,6%). Na histologia, os osteossarcomas osteoblásticos
(61,1%) de grau II e III foram os mais frequentes. Metástases nodais ocorreram em 21,4%
dos casos na mama. Metástases distantes ocorreram nos pulmões (57,1%), fígado (14,3%),
baço (14,3%) e em múltiplos sítios (14,3%). Metástases pulmonares foram mais frequentes
em cadelas com osteossarcoma de glândula mamária. O segundo artigo descreve os
aspectos clínico-patológicos de 153 casos de ostessarcoma apendicular em cães, dos quais
os dados de sobrevida de 22 caninos submetidos a intervenções cirúrgicas e à quimioterapia
foram confrontados estatisticamente com os dados clínicos, histopatológicos e imunohistoquímicos para correlação prognóstica. No período analisado, 2008 a 2018, o
osteossarcoma acometeu o tecido ósseo em 83% dos casos e deste, 82% envolviam o
esqueleto apendicular. A média de idade foi de nove anos e o peso médio de 33,4 kg. Não
houve predileção sexual. A raça pura mais acometida foi o Rottweiler (42%). Os principais
locais acometidos foram: úmero proximal (95%), fêmur distal (70%), rádio distal (96%) e
tíbia proximal (56%). Na histologia, o subtipo osteoblástico foi o mais frequente (57%).
Metástases nodais ocorreram em 14% dos casos. Metástases distantes ocorreram em 75%
dos casos, nos quais o pulmão (43%) foi o principal órgão acometido. Quanto à análise de
fatores prognósticos, o peso, idade, sexo, membro e osso afetado, classificação histológica,
contagem mitótica e grau histológico não influenciaram na sobrevida (p > 0,05).
Neoplasmas na extremidade proximal dos membros tiverem uma tendência a um pior
prognóstico (p=0,06). Para estes casos, a taxa de sobrevida em um ano foi de 14,3%,
enquanto que na extremidade distal a taxa foi de 46,7%. Não houve diferença significativa
em relação à sobrevida quando utilizadas as técnicas de amputação ou preservação do
membro, desde que associadas à quimioterapia (p=0,20). A sobrevida para estes casos
variou de 73 a 1185 dias e a média foi de 394 dias. Todos os casos apresentaram marcação
citoplasmática para osteopontina, porém a intensidade e o percentual de células neoplásicas
marcadas não influenciaram na sobrevida (p > 0,05). Em 80% dos casos com metástases
deste estudo houve marcação acentuada para osteopontina.