DALL-ORSOLETTA, Aline Cristina. Emissão de metano entérico: uma análise do animal ao sistema de produção de leite. 2019. p.120 Tese (Doutorado em Ciência Animal – Área: Produção Animal). Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Lages, 2019.
Os principais fatores que afetam a emissão de metano (CH4) entérico pelos ruminantes são o consumo e a qualidade da dieta. Ao nível de sistema de produção, a emissão CH4 entérico é influenciada por práticas de manejo ligadas a produtividade e a eficiência alimentar. No entanto, estudos que estimem o efeito de diferentes práticas de manejo sobre a emissão de CH4 entérico ainda são escassos. Os objetivos deste trabalho foram avaliar o efeito de diferentes estratégias de alimentação sobre a emissão de metano entérico de vacas leiteiras, e estimar o efeito da raça, idade ao primeiro parto e taxa de reposição sobre a emissão total de CH4 entérico. Para isto, inicialmente estudou-se o efeito de diferentes suplementações energéticas (silagem de milho e milho moído) para vacas leiteiras em pasto de azevém anual sobre a intensidade de emissão de CH4. Em um segundo momento, a partir de medidas pontuais da emissão de CH4 entérico, avaliou-se o efeito de duas estratégias de alimentação (suplementação com concentrado ou sem suplementação) e raça (Holandês e Normando). Finalmente, a partir da modelização de dados produtivos coletados durante dez anos na fazenda experimental do INRA (Pin-au-Haras), foi possível estimar a emissão de CH4 entérico de vacas e novilhas e integrar estes dados ao nível de oito sistemas, combinando duas raças (Holandês e Normanda), duas idades ao primeiro parto (dois ou três anos), duas estratégias de alimentação (alta e baixa entrada de insumos) e taxa de reposição (25, 35,40 e 45%). No primeiro experimento, a suplementação energética com milho moído não reduziu a intensidade de emissão (g CH4/kg de leite), apenas a emissão de CH4 por kg de MS consumida. No segundo experimento, animais recebendo a estratégia de alimentação com suplementação apresentaram maior emissão de CH4 entérico diária, enquanto vacas da raça Holandês mostraram menor intensidade de emissão. No entanto, a medida de CH4 entérico utilizando medidas pontuais em dois períodos diários pode estar relacionada com o horário de ingestão de alimento, fato que, fragiliza os resultados obtidos, principalmente neste caso, onde medidas durante o período de pastejo não foram realizas. Ao nível de sistema, a emissão total de CH4 entérico foi sensível ao desempenho individual dos animais, sendo menor em vacas de alto mérito genético quando alimentadas com uma estratégia sem limitações na ingestão de energia. A redução na idade ao primeiro parto teve um efeito expressivo no tamanho do rebanho, e consequentemente, na emissão total de CH4 entérico. Comparando os dois sistemas com emissão extrema, raça e estratégia de alimentação apresentaram maior potencial de redução na emissão de CH4 entérico do sistema 17 e 15%, respectivamente, enquanto a taxa de reposição contribuiu em 14% e a idade ao primeiro parto contribuiu em 9 %. Sendo que a combinação destes reduz a emissão de CH4 entérico em 54 %. Assim, uma maior redução da emissão de CH4 entérico pelo sistema é esperada quando as práticas adotadas são combinadas; resultando também em maior produção de leite, menor número de animais no rebanho e menor período improdutivo.