Em termos históricos, a exploração de camarão no Golfo do México tem sido a atividade pesqueira mais importante nesta região, tanto pelos volumes de captura, como pela geração de empregos diretos e indiretos na fase de extração, processamento e serviços associados. Porém o camarão branco do Norte do Atlântico Litopenaeus setiferus, tem sido estudado como recurso de importância para as pescarias. A atividade marítima nos portos, a dragagem, os derramamentos de combustíveis e óleos e a introdução de flora e fauna exóticas por meio de águas de lastro, contribuem para a longa lista de impactos antropogênicos sobre as populações naturais de camarões. Com todos esses impactos, além dos eventos naturais entre os quais se destacam: marés vermelhas, furacões, tempestades tropicais, ventos do norte, “suradas” ou ventos do sul, El Niño ou La Niña, ressurgências, etc., os recursos pesqueiros precisam continuamente adaptar suas populações, o que se traduz em declínio notável destas. Além do conhecimento gerado sobre a biologia e ecologia da espécie, na atualidade o desenvolvimento de fazendas de camarão está baseado em espécies amplamente domesticadas e normalmente exóticas para muitos países e regiões tais como o L. vannamei e Penaeus monodon, espécies que também estão aparecendo frequentemente em todo o Golfo de México, ainda sem saber o efeito do estabelecimento de estas. Porém para manter a sustentabilidade, é preciso desenvolver programas de domesticação de espécies nativas, não só para a produção comercial, mais também para a própria conservação. Têm se realizado vários estudos para saber o comportamento da espécie em relação com as características das lagoas costeiras, alguns estudos sobre larvas de camarão em lagunas costeiras do Golfo do México incluíram análise da imigração de larvas de camarão, as larvas planctônicas se desenvolvem, movendo-se em direção à costa em busca de zonas de refúgio nas lagoas e estuários costeiros, aonde chegam como póslarvas. Lá os camarões são recrutados nas áreas estuarinas com vegetação submersa, que são usadas como áreas de berçário. Sabe se que os camarões brancos são grandes consumidores de macro bentos, gostam de presas vivas. A partir dos trabalhos realizados no sul dos Estados Unidos e em outras partes do Golfo do México, se sabe que as taxas de crescimento são menores que as do L. vannamei, é dizer, cresce mais devagar, embora possa alcançar o mesmo peso que L. vannamei em um tempo maior. Atualmente se sabe que as rações disponíveis comercialmente estão projetadas para o camarão branco do Pacífico, porém as conversões alimentares ainda são pouco eficientes. Portanto, há pesquisas que determinam que o aproveitamento das relações energia/proteína não são iguais nas duas espécies, L. vannamei assimila primeiro as proteínas e L. setiferus os carboidratos, isso é de vital importância para o crescimento e eficiência do consumo. Entretanto, as sobrevivências em cultivo semi-intensivo são altas em todos os trabalhos publicados, porém, ainda está faltando pesquisas sobre o desenvolvimento de rações específicas para outras espécies que permita diversificar a carcinicultura. Outros pesquisadores têm aperfeiçoado as técnicas de reprodução desta espécie, mais ainda se tem o problema do deterioro dos espermatóforos dos machos em cultivo aos poucos dias de cativeiro. Ambientes como o sistema com Bioflocos ou BFT podem manter entre outras coisas, grande quantidade de alimento vivo, principalmente bactérias, entre elas as probióticas que além de melhorar a qualidade da água, melhoram a condição nutricional e imunológica dos camarões. Segundo os artigos publicados, o cultivo larval de L. setiferus, não apresenta problemas básicos para a produção de pós-larvas, com um esquema baseado em alimento vivo utilizando alimento micro particulado ou micro encapsulado como complemento. Provavelmente as características do sistema com Bioflocos apresentem um ambiente que possa melhorar o desempenho fisiológico e zootécnico e faça do L. setiferus uma boa alternativa de cultivo para os produtores na costa norte do Atlântico. É importante agregar outras variáveis de avaliação do potencial das espécies para serem cultivadas. Tradicionalmente os indicadores de sucesso de um cultivo referem-se ao desempenho zootécnico, como crescimento ou sobrevivência e o fator de conversão alimentar. Entretanto todas essas respostas estão dadas pelos mecanismos fisiológicos, imunológicos e bioquímicos que os camarões sofrem ao interior do corpo, dependendo das condições ambientais dos cultivos. Tem se demonstrado que os conhecimentos dos processos imunológicos associados à bioquímica fisiológica auxiliam na avaliação do estado de saúde dos camarões. Avaliar esse tipo de variáveis permite entender os mecanismos que os animais usam para se adaptar ao meio de cultivo e como essa informação pode ser usada para estabelecer uma proposta adequada para o cultivo de uma espécie. O intuito de este capítulo é fazer uma revisão do trabalho feito com L. setiferus, através dos diferentes trabalhos de pesquisa realizados até agora em diversas disciplinas relacionadas com a produção de esta espécie para poder estabelecer as linhas de pesquisa a seguir no futuro, no só para a produção comercial da espécie, mas também para a própria conservação.