Introdução. Dentre os problemas do ambiente intra-hospitalar, o ruído destaca-se como um dos mais prevalentes. Nas unidades de terapia intensiva (UTI), devido à demanda de alta complexidade e tratando-se de ambiente fechado, sua prevalência e consequências ganha ainda mais destaque.
Objetivo. O objetivo primário deste estudo foi avaliar a eficácia de um protocolo educacional para redução do ruído em diminuir em, no mínimo, cinco decibéis (dB(A)) o ruído encontrado em unidade de terapia intensiva. Os objetivos secundários foram identificar diferença da dose do ruído entre os turnos de plantão (diurno ou noturno), instituições públicas ou privadas e plantões de meio ou fim de semana/feriados.
Metodologia. Trata-se de um estudo de intervenção do tipo antes-e-depois. Foi realizada a medição da dose de ruído encontrada na UTI Clínica Adulto do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), correspondendo a 10 leitos e na UTI Adulto do Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco (RHP), a qual possui 16 leitos. Foi aplicado um protocolo educacional para redução do ruído nestes serviços e nova medição nos mesmos locais após 1 semana da aplicação do protocolo. A medição do ruído foi realizada com um dosímetro de ruído (Sonus, Criffer). Foi utilizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov para definição da normalidade e analisado as amostras com os testes Chi-Quadrado, T-Student ou Mann-Whitney conforme o tipo de variável e distribuição da amostra.
Resultados. Foi encontrado, respectivamente, dose média de ruído para o IMIP e RHP de 62,5 e 62,0 dB (A) (p=0,17) sendo as médias dos picos máximos e mínimos de 79,4 x 78,1 dB(A) (p=0,09) e 49,7 x 52,5 dB(A) (p=0,04). A diferença do ruído entre os turnos foram estatisticamente significantes sendo respectivamente para dia e noite de 62,7 x 61,8 dB(A) (p=0,004). Os resultados da comparação entre dias úteis e fim de semana/feriado não demonstrou diferença significativa sendo respectivamente 62,1 x 62,4 dB(A) (p=0,45). A análise do ruído pós-intervenção não foi significativa sendo os resultados pré e pós-intervenção de 62,3 x 62,4 dB(A) (p=0,48). A análise dos picos de ruído não demonstrou diferença entre os turnos de plantão (p=0,327), dias úteis x fim-de-semana/feriado (p=0,225) ou pré e pós-intervenção (p=0,992).
Conclusão. O protocolo educacional para redução do ruído implementando não foi eficaz para diminuir o ruído encontrado na UTI. Ficou demonstrado que a dose de ruído é elevada na UTI tendo poucas variações quanto a tipo de instituição (público ou privada) ou entre dias úteis e fim de semana/feriado. Houve diferença entre os turnos de plantão (diurno e noturno). Não houve diferença entre os picos de ruído quando comparados nos mesmos aspectos (tipo de instituição, dias úteis x fim de semana/feriados e turnos de plantão).