O bem-estar na produção animal é bem aceito e entendido quando o objeto do assunto são os mamíferos, isso ocorre devido a maior semelhança comportamental ao ser humano. No entanto para trabalhar com o bem-estar na
produção de peixes, a primeira questão que surge é se esses animais tem capacidade de sentir dor, desenvolver processos cognitivos e se tem consciência do que ocorre ao seu redor. Alguns trabalhos foram desenvolvidos e executados com o objetivo de responder esses questionamentos, porém são poucos e a demanda continua. O objetivo do presente estudo foi traçar perfil comportamental e bem-estar de peixe Betta splendens. Foram utilizados 40 exemplares machos de peixe beta com idade entre 90 e 120 dias. Dos quais 15 exemplares com aproximadamente 90
dias foram manejados em aquário tipo cruzeta com quatro pontas de mesmo comprimento e distância do centro. Onde foram realizados testes de preferência para quatro tipos de componente do ambiente; substrato, vegetações, abrigos e cores, com intervalo de três dias entre eles, para descanso dos animais utilizados. Em cada teste foi ofertado quatro tipos de preferências distribuídos aleatoriamente por sorteio no início de cada sessão experimental, de forma a não repetir a localização. Os animais foram filmados durante 20 minutos por dia por quatro dias para cada teste totalizando 16 dias. Ao final do último teste no aquário tipo cruzeta se iniciou o teste de preferência de profundidade. Os animais foram filmados durante 10 minutos por dia por dois dias. Foram analisados os comportamentos de frequência em cada preferência, permanência em cada preferência e tempo de
latência (para o teste no aquário tipo cruzeta). Observou-se que o peixe beta confinado permaneceu mais tempo nos ambientes com predominância da cor azul (195,44 s), sem substrato (306,53 s) e no ambiente com abrigo de garrafa pet de 300 ml (264,7 s). As plantas aquáticas elódea (Egeria brasiliensis) e orelha (Salvinian auriculata) foram as mais visitadas (3,87 e 3,53 vezes) e onde os peixes betas permaneceram mais tempo. No segundo experimento foram utilizados 25 exemplares com aproximadamente 120 dias distribuídos aleatoriamente em cinco tipos de alojamento (tratamentos); (T1) copos de 0,3 litros, (T2) aquário 3 litros sem enriquecimento, (T3) aquário 3 litros enriquecidas, (T4) aquário 38 litros sem enriquecimento e (T5) aquário 38 litros enriquecidos. Foi utilizado um aquário tipo labirinto para análise do comportamento cognitivo. Localizado dentro do labirinto
tinham quatro pontos estimuladores; fêmeas da mesma espécie, peixe carnívoro (Astronotus ocellatus), ambiente enriquecido e alimento vivo (Dendrocephalus brasiliensis). Comportamentos como lateralidade, latência, preferência, frequência de visitação e permanência de visitação foram gravados durante 15 minutos por dia.
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições, sendo cada animal uma unidade experimental. Os dados obtidos da filmagem foram submetidos à análise de variância a 5% de confiabilidade e quando significativos foram analisados por teste de média t ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico Bioestat. Não houve diferença entre as médias de tempo de latência dos peixes beta dos diferentes tratamentos (p=0,5138). Os peixes beta alojados em aquário 2 L sem
enriquecimento (T2) apresentaram preferência direita ao sair do labirinto enquanto os beta do tratamento 2 L com enriquecimento (T3) apresentaram preferência de saída do labirinto pelo lado esquerdo. Os peixes do tratamento do copo de 0,3 L (T1) apresentaram preferência pelo lado esquerdo na saída do labirinto e frequentaram
mais vezes (5,33) o ponto oscar.