Problemas de infertilidade são comuns em vacas leiteiras, principalmente naquelas
com alta produtividade, que possuem um metabolismo acelerado metabolizam mais
rapidamente hormônios esteroides, como estradiol (E2) e progesterona (P4).
Técnicas como a inseminação artificial intrafolicular (IAIF) e a prolongada exposição
a estrógenos em protocolos de indução artificial da lactação (IAL) tem demostrado
resultados promissores como alternativas para reverter estes quadros. No primeiro
estudo, objetivou-se avaliar a motilidade de espermatozoides após inseminação
artificial intrafolicular (IAIF) in vivo ou após incubação em fluído folicular, in vitro. A
recuperação do conteúdo folicular foi realizada 1 a 4 h após a IAIF, para avaliação
da motilidade espermática in vivo. Posteriormente, os espermatozoides de um pool
de doses comerciais foram avaliados quanto à sua cinética após incubação in vitro,
puros (em pool) ou em fluído folicular (FF), por até 3 h. A motilidade dos
espermatozoides foi reduzida, tanto in vitro como in vivo, permitindo concluir que o
folículo ovariano e o FF não proporcionam um ambiente adequado para a
manutenção da motilidade dos espermatozoides bovinos. O segundo estudo, teve
como objetivo determinar os níveis séricos de E2 e P4 em vacas submetidas a
longos períodos de exposição ao estrógeno, bem como identificar as alterações no
perfil gênico e celular do endométrio das vacas expostas a IAL. As vacas
apresentavam 51,4 ± 11,0 pg/ml de estradiol no dia (D) 0, mas apresentaram níveis
maiores nos dias 2, 4, 8, 10 e 13 após o tratamento (P < 0,05), atingindo até 4.000
pg/ml no D4. Os níveis de P4 foram superiores a 6 ng/ml no D0 e, durante o período
de aplicação hormonal, as vacas induzidas mantiveram níveis acima de 6 ng/ml,
retornando aos níveis basais no D8. Após o tratamento, o receptor OXTR (ocitocina)
apresentou menor expressão (P < 0,05), enquanto o receptor PGR (progesterona) e
o gene SERPINA14 apresentaram um leve aumento na expressão (P < 0,07). A
modulação gênica exercida nos receptores de OXTR, PRG e no gene de
SERPINA14 sugerem que a prolongada exposição a estrógenos influencia o
ambiente uterino de vacas submetidas a protocolos de IAL, com efeitos positivos
sobre sua fertilidade subsequente. A prolongada exposição a estrógenos não foi
capaz de induzir modificações no padrão celular e na resposta imune no endométrio
de vacas no proestro depois do tratamento. O presente estudo fornece informações
a respeito da utilização de IAIF em bovinos para que futuros estudos sejam
realizados. Ainda, fornece dados referentes ao perfil endócrino de vacas expostas a
prolongada exposição a estrógenos, bem como as alterações promovidas por esta
exposição na expressão gênica do endométrio e no seu perfil celular.