Introdução: A alta prevalência de dependência de cuidados da população idosa relaciona-se a importante redução da qualidade de vida e a altos custos na saúde, ea redução da mobilidade por disfunçõesem órgãos locomotores é um dos principais fatores causais. O termo síndrome locomotora (SLo) foi proposto em 2007 para descrever a condição relacionada a problemas em órgãos locomotores associada a alto risco de dependência futura. E entre as associações com a SLo encontram-se frequentemente as afecções musculoesqueléticos, como a osteoatrose, especialmente de quadril e joelhos, dor crônica e quedas. Existem, ainda,evidências de quea saúde óssea, comtemplando a osteoporose e fraturas vertebrais, também esteja associada a problemas na locomoção. No entanto, tal associação ainda não foi bem estudada, principalmente se considerada a população de idosos acima de 80 anos, que é a que mais cresce no mundo.
Objetivo: Primariamente objetivou-se avaliar a saúde óssea de idosos com 80 anos ou mais, independentes, residentes na comunidade, na cidade de São Paulo, contemplando a osteoporose e fratura vertebral, e associando-a a SLo, segundo o GLFS 25-P. Também, objetivou-se avaliar oestado nutricional pelo IMC, sarcopenia, e níveis de vitamina D nos idosos longevos e sua relação com a SLo.
Métodos:Realizado um estudo epidemiológico observacional, descritivo, analítico numa população de idosos com 80 anos ou mais, independentes e vivendo na comunidade, na cidade de São Paulo – Projeto LOCOMOV. Foram coletados os dados referentes aos aspectos demográficos e os participantes foram avaliados quanto a presença de SLo, segundo o "25-Question Geriatric Locomotive Function Scale" (GLFS-25), presença de fratura vertebral (clinica e radiológica), e quanto a presença de osteoporose, segundo a densitometria óssea (osteoporose densitimétrica) e critérios clínicos (osteoporose clínica). Também foram avaliadas a massa muscular mensurando-se a massa magra apendicular pela densitometria corporal total, a força muscular por pela preensão palmar e a performance física segundo a velocidade de marcha, além do tempo para realização do teste senta e levanta 5 vezes. Analisou-se, ainda, os níveis séricos da Vitamina D. As análises estatísticas envolveram o
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teste de Qui-Quadrado para a associação entre duas variáveis categóricas e odo teste T de Student ou análise de Variâncias (ANOVA) para a comparação de médias de dois ou mais grupos. Considerou-se um nível de significância de 5%.
Resultados:Um total de 102 indivíduos compuseram a amostra, sendo a maioria mulheres (73,5%) e a idade média de idade de 87,29 anos (± 4,17 anos). A SLo apresentou-se numa prevalência alta (53,9%), assim como a osteoporose densitométrica (34%), mas não se observou-se associação significativa entre estas, nem considerando-se a osteoporose clinica nem a densitométrica, com p=0,662 e p=1,0, respectivamente. Observou-se que 18,3% dos idosos apresentavam fratura vertebral e estas também não se associaram significativamente com a SLo. Não se observou, ainda, associação significativa da SLo com a Sarcopenia (p=0,239), a qual foi prevalente em 51,7% da amostra. Também não houve significância estatística entre SLo e níveis vitamina D (p-valor de 0,853) ou com o estado nutricional pelo IMC (p=0,08)
Conclusão: A SLo não se apresentou associada a saúde óssea contemplada pela osteoporose e fraturas vertebrais na amostra de idosos longevos estudada.