O objetivo deste estudo foi avaliar a necrose espontânea como
possível fator isolado de progressão e recorrência em meningiomas de grau
I classificados de acordo com a classificação atual da Organização Mundial
de Saúde (OMS). Os meningiomas são os tumores intracranianos primários
mais frequentes, representando mais de 35%. A classificação 2016 da OMS
dos tumores do sistema nervoso central divide os meningiomas nos graus I
(benignos), II (atípicos) e III (malignos), de acordo com aspectos
histopatológicos e risco de progressão ou recorrência.
Entre 110 pacientes com meningiomas intracranianos avaliados
neste estudo, 70 eram meningiomas de grau I da OMS sem achados de
atipia (G1SN), 15 eram de grau I da OMS com necrose (G1CN), 21 eram grau
II da OMS (G2) e 4 eram grau III da OMS (G3). O seguimento médio foi de
5,9 ± 0,2 anos. A escala de performance (KPS ≥ 80) foi diferente (p <0,001)
entre meningiomas de grau I da OMS sem (81,4%) e com necrose (60%). A
taxa de mortalidade a 5 anos foi de 1,4, 6,7 e 5,9% para G1SN, G1CN e G2,
respectivamente, com diferença significativa (p = 0,011) relacionada à
presença de necrose. O risco de recorrência foi 3,7 vezes maior em G1CN
do que em G1SN (p = 0,017) e 4,2 vezes em G2 (p = 0,010). A sobrevivência
sem progressão (SLP) foi claramente maior em pacientes com G1SN em
comparação com G1CN e G2 (p = 0,002 e p <0,001, respectivamente). Não
houve diferença significativa no SLP entre G1CN e G2 (p = 0,692).
Retratamento também foi superior no meningioma com necrose.
Este estudo fornece dados estatísticos claros para considerar que
pacientes com meningiomas benignos e achados histológicos de necrose
espontânea estão em maior risco de progressão e recorrência em
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comparação com aqueles com lesão benigna sem características atípicas.
As curvas de análise estatística também sugerem que essas lesões se
comportam de forma mais semelhante às atualmente classificadas como
meningioma da OMS de grau II.