Embriões bovinos produzidos in vitro por fecundação in vitro (PIV/FIV) e transferência
nuclear (TN) apresentam diferenças bioquímicas, metabólicas, moleculares, histológicas e
de desenvolvimento quando comparados aos seus equivalentes in vivo. Destacam-se
anormalidades tanto pré-natais durante a placentação e mortalidade embrionária por
subdesenvolvimento inicial, quanto pós-natais, caracterizados pela Síndrome do Neonato
Anormal (AOS). Estudos evidenciam que há importantes alterações nos padrões de
imprinting genômico embriões de PIV, especialmente no padrão de expressão de imprinting
do sistema IGF, sendo o ligante IGF2, um gene de expressão paterna de caráter pleiotrópico
e de efeito promotor de crescimento e diferenciação, e o receptor IGF2R, um gene de
expressão materna que contrapõe os efeitos do gene IGF2. Assim, o presente estudo
objetivou realizar a superexpressão epissomal transiente do gene IGF2 pela técnica de
microinjeção citoplasmática em embriões bovinos no estádio de 1-célula produzidos por
FIV visando o aumento da eficiência nos índices de desenvolvimento, cinética e qualidade
embrionária in vitro até o Dia 7 de desenvolvimento. Após nove repetições, um total de
1.752 complexos cumulus-oócito (CCOs) bovinos foram maturados e fecundados in vitro e
posteriormente segregados em seis grupos experimentais: um controle não-microinjetado,
um controle microinjetado com tampão tris-EDTA, ou TE (0 ng/μL), e quatros grupos de
microinjeção com doses crescentes (10, 20, 40, 80 ng/μL) do vetor de expressão epissomal
do gene IGF2 acompanhado do gene da proteína GFP em TE. No Dia 2 de
desenvolvimento, foram avaliadas as taxas de clivagem e sobrevivência pós-microinjeção,
além do número de blastômeros, e no Dia 7 de desenvolvimento, após cultivo in vitro,
avaliaram-se as taxas de blastocisto, estádio de desenvolvimento e qualidade embrionária,
taxa de embriões fluorescentes e número total de células em blastocistos. A microinjeção
citoplasmática de zigotos foi efetiva em dispor o vetor de expressão no ooplasma,
independente dos grupos, com média de 58% de blastocistos com fluorescência positiva no
Dia 7 de desenvolvimento. A dose de 10 ng/μL de microinjeção do vetor promoveu uma
menor taxa de blastocistos (10,4%), porém com blastocistos em estádios mais avançados de
desenvolvimento (93,0%), com melhor qualidade morfológica (73% de Grau 1) e maior
número de células (116,0 ± 3,0) em relação ao controle FIV não microinjetado (23,3%,
75,0%, 58,0%, e 75,0 ± 6,8, respectivamente). Em resumo, a microinjeção de embriões com
um vetor de superexpressão do gene IGF2 promoveu uma taxa de desenvolvimento similar
aos controles, com diferenças quando se utilizou a dose de 10 ng/μL, com uma menor taxa
de blastocistos, porém com maior cinética de desenvolvimento, qualidade morfológica e
número de células totais, indicando um possível efeito promotor do crescimento do gene
IGF2 no desenvolvimento de embriões bovinos de PIV, do estádio de 1-célula até
blastocisto.