O trabalho educativo destinado às pessoas com deficiência nas escolas poderia movimentar o desenvolvimento do seu psiquismo de modo mais impactante? Essa indagação tem nos acompanhado, visto que nem sempre se vislumbra a intencionalidade do professor com essa finalidade. Ao se apropriar dos estudos vigotskianos, identifica-se quão rica pode ser a atuação desse profissional como agente mediador. Esta dissertação expõe uma investigação que teve como objetivo geral compreender historicamente o atendimento educacional oferecido a pessoas com deficiência visual e o decorrente desenvolvimento das funções psíquicas superiores, bem como o papel do tiflopedagogo, com base na Psicologia Histórico-Cultural (PHC). Os objetivos específicos foram: recuperar a história do reconhecimento da educabilidade da pessoa com deficiência visual (DV) em diferentes sociedades, considerando autores reconhecidos da Educação Especial e obras de alguns historiadores; identificar, na teoria de L. S. Vigotski (1934/1986), concepções e conceitos relevantes ou fundamentais para a educação de pessoas com deficiência visual no século XXI e explicar aspectos da constituição social do psiquismo; discutir elementos teórico-metodológicos relevantes para a formação e atuação do professor especialista perante a educação da pessoa com deficiência visual. A investigação contou com pesquisa de natureza bibliográfica e documental, com metodologia condizente, envolvendo levantamento de publicações sobre deficiência visual e estudos de fontes primárias, como as publicações de L. S. Vigotski (1894-1934), de A. N. Leontiev (1903-1979) e documentos relacionados. Também contou com estudos de fontes secundárias, compostas por estudos de seus intérpretes e continuadores, e de autores contemporâneos. Dessa maneira, coube à primeira seção introduzir a temática e expor dados gerais que levaram à realização da pesquisa; à segunda seção coube recuperar a história do reconhecimento da educabilidade da pessoa com DV em diferentes sociedades. Feito isso, na terceira seção, debateu-se sobre o desenvolvimento das funções psíquicas superiores e as implicações da educação ofertada à pessoa deficiente visual. Na quarta seção, discutiu-se sobre o papel do professor de aluno com deficiência visual. Elegeu-se, como perspectiva teórica, a PHC, que apresenta subsídios teórico-metodológicos para a formulação, apreensão e análise do problema, bem como para a proposição de alternativas que contribuam para o trabalho docente, uma vez que se considera o homem em um processo constante de formação. Como resultados, considera-se que a história da educabilidade da pessoa DV apresenta traços indeléveis do passado. Será sempre uma história de inventividade, resistência e perseverança. A PHC contribui para a educação de pessoas com DV, à medida que explicita tais questões, considerando o homem concreto, no caso com DV, como síntese de diversas determinações, em especial das relações sociais. Com base nos pressupostos teórico-metodológicos e nos conceitos da perspectiva eleita, o professor deve nortear sua intervenção rumo à superação de limitações (sociais, físicas, intelectuais, afetivas etc.), com vistas à efetivação de uma educação escolar que movimente o desenvolvimento em sua integralidade. O ensino e a apropriação da linguagem verbal escrita (a tinta), oralizada e veiculada de diferentes modos, se constituem em peça fundamental para que a humanização da pessoa cega alcance patamares mais elevados.