Este estudo teve como objetivo validar um protocolo para cultivo de Neoechinorhyncus
buttnerae (Acanthocephala), parasito de Colossoma macropomum e avaliar a eficácia in vitro
e in vivo dos óleos essenciais de Mentha piperita, Lippia alba e Zengiber officinale no seu
controle. Para o cultivo in vitro, os parasitos foram obtidos a partir de peixes naturalmente
parasitados, e distribuídos em placas de cultura de 6 poços distribuídos nos seguintes
tratamentos em triplicata: NaCl a 0,9%; água do tanque estéril; L-15 Leibovitz meio de
cultura; L-15 Leibovitz + ágar 2% meio de cultura; Meio de cultura RPMI 1640; RPMI 1640
+ agar 2% de meio de cultura. As placas contendo os parasitas foram mantidas a 24°, 28° e
32°C. Os resultados do cultivo in vitro, mostraram que o meio de cultura que apresentou a
melhor sobrevivência nas três temperaturas foi o meio RPMI e a temperatura considerada
ideal foi a de 24°, pois os parasitos obtiveram um periodo mais longo de vida sem apresentar
alterações morfológicas. Para o ensaio in vitro tambaquis naturalmente parasitados foram
necropsiados para retirada dos acantocéfalos. Os parasitos foram expostos a cinco diferentes
concentrações (360, 540, 720, 1440, 2880 mg L-1
) dos óleos essenciais de Mentha, Lippia e
Zingiber, diluídas em Tween 80 a 3% 1g:10 mL). Observou-se atividade anti-helmíntica nas
maiores concentrações, sendo que o óleo essencial de Mentha apresentou a melhor atividade
contra N. buttnerae, pois em menor concentração (540 mg L-1
) foi capaz de inibir 100% em
apenas 120 minutos, poucos minutos a mais que as concentrações mais fortes. Os óleos
essenciais de Lippia e Zingiber apresentaram 100% de atividade anti-helmíntica nas
concentrações de 1440 e 2880 mg L-1
. Para os ensaios in vivo foram utilizados 210 juvenis de
tambaqui, os quais foram alimentados por 30 dias com as dietas experimentais: controle (três
réplicas), óleo essencial de Mentha 0,54 g kg-1 (três réplicas), Mentha 2,88g kg-1 (três réplicas); óleo
essencial de Lippia 1,44 g kg-1 (três réplicas), Lippia 2,88 g kg-1 (três réplicas) e óleo essencial de
Zingiber 1,44 g kg-1 (três réplicas), Zingiber 2,88 g kg-1 (três réplicas). O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado, constituído por sete tratamentos em 21 unidades experimentais
(10 peixes por tanque). A prevalência dos parasitos em peixes tratados com óleos essenciais
de Mentha 0,54 g kg-1; Mentha 2,88 g kg-1 e Lippia 2,88 g kg-1 foi 84%, 84% e 88,46%
respectivamente. O cálculo da eficácia resultou em 85,46% e 70,03% nos animais que tiveram
a dieta suplementada com Mentha nas concentrações de 0,54 e 2,88 g kg-1 respectivamente,
67,10% e 56,93% em Lippia 1,44 e 2,88 g kg-1 respectivamente e 11,70% e 5,19% em Zingiber 1,44
e 2,88 g kg-1 respectivamente. Os números totais de eritrócitos (RBC) e trombócitos foram
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maiores em peixes tratados com Mentha 0,54 g kg-1 e Zingiber 1,44 g kg-1. A concentração de
glicose foi significativamente maior nos peixes que não tiveram suplementação do óleo
essencial. Devido a alta eficácia e ao resultado positivo sobre os parâmetros hematológicos
analisados e ao ganho de peso, recomenda-se o uso do óleo essencial de Mentha 0,54 g kg-1
administrados na ração para o controle de acantocéfalos.