Com a demanda de pescado ainda não atendida pelo mercado, torna-se necessário uma intensificação da produção aquícola. Nesse sentido, boas condições de cultivo tornam-se essenciais para o melhor desempenho dos organismos cultivados, junto a uma melhora na cadeia produtiva. Dentre os peixes cultivados, a matrinxã (Brycon amazonicus) está entre as espécies mais produzidas e comercializadas na Amazônia, pois é de alto interesse comercial, entretanto, apresenta alta frequência de agressividade e de canibalismo em todos os estágios de vida, o que é considerado um grande desafio para o processo produtivo. Nesse sentido, alguns parâmetros são capazes de modular a agressividade (ex. densidade de estocagem e temperatura da água), com consequente redução dessa interação. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo propor melhores condições de densidade de estocagem e de temperatura da água, com o intuito de minimizar a exibição do comportamento agressivo e seus efeitos sobre a sobrevivência, o desempenho e parâmetros indicadores de estresse em larvas e juvenis de matrinxã. Para isso, este estudo foi dividido em duas etapas: Capítulo 1- foram realizados dois experimentos para avaliar o efeito da densidade de estocagem e da temperatura na agressividade, sobrevivência e desempenho em larvas de matrinxã. Experimento I: as larvas de 12 horas pós eclosão (hpe) foram mantidas em três densidades de estocagens (menor: 20 larvas/l, intermediária: 40 larvas/l e maior: 60 larvas/l), por um período de três dias (72 hpe). Foram realizadas filmagens de 10 minutos nesses dois períodos (12 e 72 hpe) para a quantificação do comportamento agressivo, além disso, foi avaliado o desempenho zootécnico. Experimento II: as larvas de 72 hpe foram submetidas até 132 hpe em seis tratamentos experimentais, decorrentes da associação de três densidades de estocagem (menor: 20 larvas/l, intermediária: 40 larvas/l e maior: 60 larvas/l) com duas temperaturas de água (baixa: 24,09 ±0,15 °C e alta: 28,33 ±0,12 °C), sendo utilizado o mesmo procedimento do experimento I para análise da agressividade, sobrevivência e desempenho zootécnico. A maior densidade de estocagem aumentou a agressividade, entretanto, não afetou os outros parâmetros até às 72 hpe. Após às 72 hpe, a densidade não afetou a agressividade, mas estimulou o aumento da biomassa e da produção. Foi observado que a baixa temperatura da água reduziu a agressividade, proporcionou o tamanho homogêneo entre os animais do grupo, mas reduziu o crescimento das larvas. Capítulo 2- foi comparado o comportamento agressivo e variáveis indicadoras do estresse (parâmetros hematológicos e glicemia) em juvenis isolados por oito dias e submetidos a três temperaturas: baixa (24,33 ±0,33 °C), média (29,49 ±0,43 °C) e alta (34,48 ±0,56 °C). Os peixes submetidos à alta temperatura apresentaram maior agressividade no final do experimento. Em todos os tratamentos, a maioria dos parâmetros hematológicos e a glicemia mostraram redução no final do período do experimento, dessa forma, a temperatura não atuou como agente estressor. Diante do exposto, conclui-se que a densidade de estocagem e a temperatura da água modulam a agressividade e o desempenho zootécnico dependendo do estágio de vida da matrinxã, B. amazonicus. Os resultados obtidos contribuíram com informações relacionadas à modulação do comportamento agressivo em diferentes fases do desenvolvimento da matrinxã, proporcionando maior conhecimento para geração de práticas que potencializem a sobrevivência e, consequentemente, viabilizem o cultivo dessa espécie na região Amazônica.