A simulação de sistemas complexos cresceu nas últimas décadas, sendo os modelos climáticos reconhecidos como o maior sucesso na história da simulação científica. A complexidade dos sistemas terrestres impõe limitações conceituais, numéricas e computacionais para a sua solução; por isso, as parametrizações são recursos necessários para os processos sub-grade. A parametrização da Camada Limite Atmosférica (CLA) é essencial para soluções de fluxos verticais de calor, umidade e momento. Soluções baseadas em teorias de similaridade consideram uma camada limite estratificada onde os níveis de estabilidade, relacionados com os gradientes verticais de temperatura, são os parâmetros básicos para indicar o conjunto de soluções a ser utilizado na modelagem. Contudo, a hipótese se mostra limitada ao tentar representar os padrões de turbulência da CLA nas regiões polares, onde, devido aos fortes ventos, os níveis de turbulência são elevados sem haver instabilidade termodinâmica associada aos gradientes verticais de temperatura. Por isso, os modelos que utilizam as parametrizações baseadas na teoria da similaridade não representam a realidade global, uma vez que soluções baseadas em condições atmosféricas das latitudes médias empobrecem a previsão para regiões polares comprometendo a representação do clima de todo o globo. Estudos de validação e intercomparação de modelos, indicam a representação da camada limite estável como um dos principais pontos a ser estudado para a evolução do tema. Visando o estudo das equações dos perfis de vento, provenientes das teorias de similaridade, para as diferentes classes de estabilidade com ênfase na camada de superfície, onde ocorrem os principais processos turbulentos e trocas de momento, calor e massa, o principal objetivo do trabalho é verificar a aplicabilidade do grupo de equações de Businger-Dyer (1975) na camada de superfície da Antártica. A base de dados utilizada encontra-se disponibilizada no website da Antarctic Meteorological Research Center (AMRC), das estações South Pole, McMurdo e Neumayer, referentes aos dias 1 e 15 de cada mês, medidos às 00 e 12 GMT do ano de 2015. O principal objetivo é a comparação dos perfis adimensionais de velocidade gerados através da radiossonda, com os perfis adimensionais resultantes das equações teóricas baseadas na teoria da similaridade. O ajuste da curva teórica foi feito afim de reduzir as distâncias ponto a ponto aproximando o perfil logarítmico teórico do perfil logarítmico dos dados medidos na camada de superfície. Foi constatado que as constantes contidas nas equações desenvolvidas a partir da teoria da similaridade, na maioria das vezes, não se aplicam às condições locais da Antártica, provavelmente por existir um padrão diferente para os perfis. Outro ponto observado foi a possibilidade de utilizar uma função ao invés do parâmetro clássico de estabilidade (β=4,7).