A agropecuária tem contribuído no últimos anos com a concentração atmosférica dos gases do
efeito estufa (GEE), principalmente, com emissões de óxido nitroso (N2O) e metano (CH4),
sendo a bovinocultura uma atividade crítica para grandes produtores como o Brasil. Assim,
torna-se necessário compreender como os diferentes tipos de pastagens modificam essas
emissões, para que sejam identificadas estratégias de mitigação. Objetivou-se, neste trabalho,
avaliar as emissões de N2O e CH4 associadas a bovinocultura de corte, em diferentes sistemas
de pastagem do Sul da Bahia, importante região produtora de carne, onde se fazem presentes
sistemas com diferentes níveis de tecnologia, incluindo a utilização de leguminosas em
consórcio. O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Zootecnia do Extremo Sul
da Bahia (CEPLAC), município de Itabela. Duas áreas com experimentos de longo prazo foram
utilizadas. Na área 1, os sistemas de pastagem adotados foram Urochloa brizantha cv Marandu
consorciada com Arachis pintoi cv. Belomonte (amendoim forrageiro), U. brizantha cv.
Marandu em monocultura e fertilizada com 150 kg ha-1ano-1 de nitrogênio (N) e uma pastagem
degradada, ficando dispostos nos respectivos tratamentos novilhas e vacas mestiças com
genética Nelore com peso corporal inicial médio de 370 ± 92 kg. A área 2 era composta de
pastagem consorciada de U. brizantha cv. Marandu com Desmodium ovalifolium cv. Itabela,
U. brizantha cv. Marandu em monocultura e fertilizada com 150 kg N ha-1ano-1, U. brizantha
cv. Marandu em monocultura não adubada há 16 anos e pastagem degradada. Utilizou-se, nessa
área, 9 novilhas e 3 garrotes Nelore com peso médio de 263 ± 70 kg, os quais foram divididos
em todos os tratamentos. Nos dois experimentos a carga animal foi ajustada em função da
pressão de pastejo, ficando as áreas de pastagem intensificadas com uma média de 2,8 UA ha-1
e as pastagens degradadas com 0,7 UA ha-1. Quantificou-se o ganho médio diário de peso dos
animais (GMD), a carga animal, a produtividade, além do volume urinário e a produção fecal
com suas respectivas concentrações de N, sendo as emissões de N2O e CH4 estimadas por meio
da metodologia do IPCC, Tier 2. Na área 1, maior GMD, maior produtividade e melhor
qualidade da forragem foram observadas nos sistemas de pastagem consorciada e fertilizada
com N, reduzindo a emissão por unidade de produto em 46% e 14% nos respectivos sistemas,
quando comparadas ao sistema de pastagem degradada. Na área A2, as reduções de emissão
por unidade de produto observadas foram de 50% no sistema de pastagem consorciada e 15%
no sistema de pastagem fertilizada em comparação ao sistema de pastagem degradada. A
utilização da fertilização nitrogenada, ou da consorciação com leguminosas, associada ao manejo da pastagem, mostrou ser importante estratégia de mitigação das emissões de GEE,
sendo a consorciação a que apresentou o maior potencial mitigador nesse sentido.