Organismos aquáticos estão sujeitos a toxicidade causada por xenobióticos continuamente lançados ao ambiente, principalmente via esgoto sanitário. Os fármacos, também conhecidos como “contaminantes emergentes”, são substâncias que possuem boa estabilidade química e baixa biodegradabilidade, o que dificulta a diminuição de seus níveis ou sua remoção após passarem por Estações de Tratamento de Esgoto. Estes compostos, quando presentes, mesmo em pequenas concentrações, podem induzir efeitos tóxicos causando danos aos organismos expostos. Os bivalves, como a ostra do Pacífico Crassostrea gigas, possuem grande importância comercial, sendo extensivamente cultivados na região costeira da Ilha de Santa Catarina, SC. Por serem animais filtradores, são capazes de acumular xenobióticos, e têm sido amplamente utilizados como espécies sentinelas em estudos de monitoramento. Exposições a fármacos podem induzir alterações nos sistemas de biotransformação e de defesas antioxidantes, podendo causar estresse oxidativo. O presente trabalho teve como objetivo avaliar alterações de biomarcadores bioquímicos, em brânquias (BR) e glândula digestiva (GD) de C.gigas expostas aos fármacos, Tamoxifeno (TAM 10 e 100 ng.L-1) e Ibuprofeno (IBU 10 e IBU 100 µg.L-1) e a uma mistura, contendo os dois fármacos, “MIX 1” (TAM 10 ng.L-1 + IBU 10 µg.L-1) e “MIX 2” (TAM 100 ng.L-1 + IBU 100 µg.L-1), por 24 e 96 horas. Foram analisadas a atividade das enzimas Catalase (CAT), Glutationa Peroxidase (GPx), Glutationa Redutase (GR), Glutationa-S-Transferase (GST) e Glicose-6-Fosfato-Desidrogenase (G6PDH). Na BR das ostras expostas às duas concentrações de TAM por 24h apresentaram uma maior atividade da CAT. Na GD, foi observado uma maior atividade das enzimas que participam da degradação de peróxidos, CAT e GPx, assim como da enzima auxiliar GR após 24h de exposição, quando expostos as duas concentrações do fármaco. A GD foi mais responsiva à exposição a este fármaco. As BR das ostras expostas por 24h e 96h à maior concentração de IBU apresentaram uma maior atividade da GPx, possivelmente associada a um aumento na produção de H2O2. Não foram observadas alterações significativas na atividade destas enzimas na GD. As ostras expostas por 96h aos fármacos juntos nas maiores concentrações foi observado um aumento na atividade da GPx na GD, indicando um aumento no sistema de defesa antioxidantes a fim de proteger as células contra os efeitos deletérios causados por esses xenobióticos.