A moringa é uma oleaginosa que apresenta potencialidade produtiva no nordeste
brasileiro devido sua boa adaptabilidade em regiões de clima semiárido e facilidade de
propagação por diferentes métodos de plantio. O óleo extraído da semente de moringa possui
elevada resistência à oxidação e contém elevado teor de ácidos graxos insaturados, o que
favorece o seu uso industrial. A partir desta extração, obtém-se um resíduo sem valor
econômico, o qual possui características nutricionais que evidenciam a possibilidade de sua
utilização na alimentação de animais. O experimento objetivou avaliar o valor nutritivo da
torta de moringa (TM), através da composição química e do fracionamento dos compostos
nitrogenados e carboidratos totais, e a verificação dos efeitos dos níveis crescentes da torta de
moringa, em substituição à torta de algodão, na determinação do consumo de nutrientes,
coeficiente de digestibilidade e balanço de N. A composição química da TM foi determinada
segundo protocolo AOAC (1995) e o fracionamento conforme preconização do Cornell Net
Carbohydrate and Protein System (CNCPS). Para determinação de consumo, digestibilidade e
balanço de N, foram selecionados cinco ovinos machos não castrados, com peso médio de
23,41,4 kg, distribuídos em quadrado latino, onde os animais foram alocados em gaiolas
metabólicas individuais e submetidos a dietas com diferentes níveis de inclusão de TM. O
período experimental teve duração de 65 dias, iniciando com período de adaptação de 15 dias,
seguidos de cinco períodos homogêneos, cada um de cinco dias de adaptação à dieta e 5 dias
para coleta de sobras, fezes e urina. O consumo foi contabilizado diariamente a partir do
décimo dia do período de adaptação. As rações experimentais foram compostas por feno de
capim tifton (Cynodon spp.), milho em grão moído, torta de algodão (Gossypium hirsuntum
L.) e torta de moringa, alternando o percentual desta última nas proporções 0; 7,5; 15; 22,5 e
30%. A composição química determinou 92,65% de MS; 95,33% MO; 30,16% PB; 18,68%
EE; 46,49% CHT; 17,42% CNF; 32,17% FDN; 25,41% FDA; e 8,36% LIG. Os carboidratos
totais foram fracionados nas porções em A’, B1’, B2’ e C’, apresentando cada fração,
respectivamente, 14,79%; 22,67%; 19,12% e 43,42%. Os percentuais das frações
nitrogenadas A, B1+B2, B3 e C encontradas foram: 32,81%; 20,31%; 24,43% e 22,57%. A
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inclusão da TM não alterou a ingestão de MS, MO, PB, PIDN, FDN, FDA, CHT, HEM e LIG,
apresentando os respectivos valores médios 800,78 g dia-1
; 726,90 g dia
-1
; 123,55 g dia-1
;
45,65 g dia-1
; 448,20 g dia-1
; 231,49 g dia-1
; 592,03 g dia-1
; 105,34 g dia-1
; 52,84 g dia-1
. Os
consumos de PIDA, EE, CNF apresentaram diferença significativa, resultando aumento
diretamente proporcional de EE à inclusão da torta na ração, e indiretamente proporcional em
relação à PIDA e CNF. Não foram observadas diferenças significativas entre os coeficientes
de digestibilidade de MS, MO, PB, EE, FDN, CHT e CNF com a inclusão da torta de
moringa, obtendo-se, respectivamente, 57,33; 61,61; 42,42; 70,76; 40,40; 55,25 e 20,32%, o
que não ocorreu com o CDP que evidenciou maior aproveitamento de N a partir da crescente
inclusão de TM. Os valores do balanço de nitrogênio (BN) apresentaram similaridade no
aproveitamento de N pelos animais. Logo, os resultados estudados comprovaram que a torta
de moringa pode ser uma alternativa na alimentação de ovinos conforme seu valor nutricional
avaliado.