A presença de suídeos asselvajados, bem como seu rápido crescimento populacional e dispersão no Brasil é motivo de preocupação devido a seu impacto negativo na natureza. Esses animais têm sido considerados potenciais reservatórios de patógenos e podem estar relacionados à disseminação e manutenção desses agentes para outras espécies animais, incluindo seres humanos. O objetivo deste estudo foi testar a hipótese de que javalis de vida livre são portadores de patógenos de importância para a suinocultura e investigar os fatores de risco associados à ocorrência dos mesmos. Para isso, foram analisadas amostras de tecidos de javalis para identificarpatógenos bacterianos: Actinobacillus pleuropneumoniae, Haemophilus parasuis e Mycoplasma hyopneumoniae; patógenos virais: Circovírus Suíno Tipo 2(PCV2),Circovírus Suíno Tipo 3 (PCV3), Protoparvovírus de ungulados 1 (antigo Parvovírus suíno – UPV), Torque teno Susvirus suíno 1a e 1b (TTSuV1a e TTSuV1b); e um patógeno parasitário: Metastrongylus spp. Foi realizada reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real de 79 amostras de tecido pulmonar para os patógenos bacterianos, pools de linfonodos de 80 animais para os patógenos virais, e a avaliação histológica de 45 lâminas de tecido pulmonar para o patógeno parasitário. Dessas avaliações, 1,27% das amostras foram positivas para A. pleuropneumoniae, 3,80% para H. parasuis, 0,0% para M. hyopneumoniae, 2,50% para PCV2, 36,25% para PCV3, 8,75% para UPV1, 53,75% para TTSuV1a, 5% para TTSuV1b e 60% para Metastrongylusspp.Para avaliação dos fatores de risco foi utilizada uma análise logística univariada entre as variáveis: sexo, peso, idade, local de caça, estação do ano e positividade para patógenos descritos. As variáveis com P<0,2 nesta análise foram selecionadas pararegressão logística multivariada, na qual variáveis com P<0,05 foram consideradas fatores de risco. O fator de risco para ocorrência deH. parasuis foi o local de caça; para PCV3, o fator de riscofoi idade (adultos) e o sexo (fêmeas) foi fator de proteção; paraUPV1, foram fatores de risco a idade (jovem), o local de caça e maior peso; para TTSuV1aa estação do ano (primavera) foi fator de proteção; para TTSuV1b o menor peso foi fator de risco e paraMetastrongylusspp.a idade adulta fator de proteção. Os dados deste estudo evidenciam a presença dos patógenos circulando nos javalis de vida livre no Rio Grande do Sul e indicam a possibilidade desses animais servirem de reservatório tendo o risco de infectar outros animais.