A tuberculose (Tb) é mundialmente uma das 10 principais causas de morte humana e é tida como a
principal causadora de óbitos por um único agente infeccioso. As Américas representam 3% da
prevalência mundial da doença e se atribui que 33% dos casos notificados neste continente são no Brasil.
Esse, é um dos 22 países priorizados pela OMS, que juntos representam 80% da ocorrência mundial
desta bacteriose. Uma das formas da doença é a Tuberculose zoonótica, cujo agente causador é o M.
bovis, cuja principal via de transmissão para a população humana é por meio do consumo de leite e
derivados (queijos e iogurtes) elaborados sem a adoção de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) e de
Fabricação (BPFs). O presente trabalho disserta sobre dois assuntos: No Capítulo primeiro, aborda-se o
comportamento da tuberculose humana no estado do Rio Grande do Norte, Brasil, no período de 2008 a
2017, por meio de estudos descritivo e retrospectivo, avaliando-se a incidência anual da tuberculose no
Estado e ocorrência de suas formas clínicas. Utilizamos dados primários obtidos junto ao Programa de
Tuberculose no Rio Grande do Norte – SUVIGE/SESAP-RN (fazer a mesma descrição que vc fez acima
com BPAs); e de dados secundários, colhidos junto ao Sinan/Ministério da Saúde. Como resultado,
observou-se haver divergência entre os coeficientes de incidência calculados com os dados primários
daqueles que estão publicados em Boletins Epidemiológicos: 37,1 a 27,0, por grupo de 100 mil hab; além
disso, a doença apresentou tendência linear de crescimento no Rio Grande do Norte. Recomendado-se
medidas amplas de proteção à população e ao meio ambiente, associadas ao fortalecimento dos serviços
de saúde para que se consiga atingir as metas propostas no programa End TB, sejam de controle e/ou
de erradicação. O Capítulo seguinte, avaliou-se s qualidade microbiológica do queijo de coalho
comercializado no município de Caicó-RN, pesquisando-se a presença de Mycobaterium spp. Por meio
de cultivo bacteriano e diagnóstico molecular. Foram analisadas 50 amostras de queijo de coalho obtidas
aleatoriamente no comércio local, sendo: 35 elaboradas a partir de leite cru (artesanal) e 15 com leite
pasteurizado (industrializado), das quais se extraiu materiais que foram submetidos a processos: para
obtenção de DNA; cultivo (Stonebrink); PCR convencional para pesquisa de M. bovis; e, finalmente,
nested-PCR para Mycobacterium spp. Na pesquisa laboratorial, não se conseguiu isolar micobactérias
tuberculosas nos queijos estudados. Porém, detectou-se que duas amostras (4%) apresentaram
crescimento de micobactérias não tuberculosas (MNT) em meio de cultura, que através de diagnóstico
molecular apresentaram identidade com hsp65 de: Mycobacterium lehmanii (ID da sequência:
KY933786.1, valor e: 2e-133, identidades: 312/363 [86%]); e Mycobacterium rutilum (ID da sequência:
LT629971.1, valor e: 3e-108, identidades: 331/371 [89%]), apontando-se como indicativos de
contaminação ambiental. Há na literatura resultados publicados sobre micobacterioses em humanos
causadas por agentes com alta similaridade genética aos encontrados neste estudo, bem como infecções
em tecidos animais. Conhecendo-se as características das MNT, considerando-as como microrganismos
emergentes e de natureza ubíqua, sugere-se maior atenção na cadeia produtiva de queijos, tanto nas
boas práticas agropecuárias (BPAs) quanto nas boas práticas de fabricação de alimentos (BPFs).