O objetivo da pesquisa foi avaliar o efeito da administração de prostaglandina veiculada a uma matriz de degradação lenta sobre a quimiotaxia de células inflamatórias no lúmen uterino e a sua eficiência no tratamento de endometrites clínicas. No experimento I, foram utilizados 14 animais os quais foram separados em 3 grupos de acordo com o tratamento, sendo eles, solução salina (CON), prostaglandina (PGF) e prostaglandina + matriz polimérica (PGFM). Após o início dos tratamentos no tempo 45 minutos, os animais foram submetidos a técnica de citologia endometrial para avaliação de migração de células inflamatórias para o lúmen uterino. Os animais do grupo CON apresentaram na citologia endometrial percentual de 2,75 ± 0,85), do grupo PGF 2,88 ± 1,20) e do grupo PGFM 4,50 ± 0,68). Os tratamentos com prostaglandina e prostaglandina veiculada a matriz de liberação lenta não influenciaram (P<0,05) a infiltração de células inflamatórias para o ambiente uterino. No experimento II, foram utilizados 42 animais que apresentaram a enfermidade, sendo, animais de diferentes rebanhos e no final do período puerperal. O diagnóstico e classificação das endometrites clínicas foram baseados na característica da descarga vaginal por vaginoscopia. A mesma técnica foi utilizada para avaliação da evolução do processo e eficiência do tratamento. Após o diagnóstico, de acordo com o grau de infecção, os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos que receberam os seguintes tratamentos: o grupo controle (n=19) recebeu administração por via IM cloridrato de ceftiofur (2,2mg/kg) por dia durante 5 dias; o grupo tratamento (n=23) recebeu administração por via SC cloprostenol sódico na dose de 0,530mg/2ml associado a uma matriz de degradação lenta em dose única. As vacas foram novamente avaliadas pelas mesmas técnicas de diagnóstico após 25 a 30 dias. Dos 102 animais avaliados, 41,18 % dos animais apresentaram endometrite clínica mostrando que esta enfermidade é de elevada ocorrência, sendo que o grau da infecção não afetou o intervalo parto-concepção (IPC; P>0,05), sendo 142,04 ± 12,33, 146,60 ± 19,10 e 195,25 ± 21,36 dias, para Grau 1, Grau 2 e Grau 3 respectivamente. O IPC do grupo controle foi de 161,35 ± 14,40 dias e o grupo tratado de 146,61±14,08 dias não tendo efeito do tratamento (P>0,05). O grau da infecção uterina teve efeitos sobre o número de doses de sêmen por concepção (P<0,05), sendo 1,88 ± 0,20, 2,30 ± 0,31 e 3,25 ± 0,34 para Grau 1, Grau 2 e Grau 3 respectivamente. O tratamento não afetou o número de doses de sêmen por concepção, sendo 2,08 ± 0,22 e 2,42 ± 0,25 doses para o grupo tratado e controle, respectivamente. Quando avaliada a cura clínica da doença, 94,74% apresentaram cura ou melhora clínica. Dos animais do grupo tratado com PGF2α associada a matriz de degradação lenta, 78,26% obtiveram cura ou melhora clínica. O tratamento não afetou a taxa de cura dos animais com endometrite clínica quando comparado com o grupo controle (P<0,05). A prostaglandina veiculada a matriz polimérica de degradação lenta se mostrou mais uma estratégia de tratamento para esta patologia, de fácil aplicação e sem trazer riscos de resistência.