Os dermatófitos compõem um grupo de fungos que infecta tecidos queratinizados de animais e humanos, parasitando as camadas superficiais da epiderme. Conquanto tenham se adaptado ao parasitismo, podem viver livremente na natureza como sapróbios. Utilizam a queratina como substrato, pois secretam queratinases e a presença dessas enzimas permite que eles parasitem estruturas como cabelos, pelos, pele, unhas, chifres, cascos e penas. Até o momento, são consideradas 40 espécies de dermatófitos pertencentes aos gêneros Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. São classificados em antropofílicos, zoofílicos e geofílicos, sendo seu habitat natural respectivamente, homens, animais e solo. Uma vez que as dermatofitoses podem ser transmitidas entre animais e homens são zoonoses e representam importância em Saúde Pública. Os dermatófitos geofílicos, embora presentes no solo, também podem ocasionar infecções no homem e outros animais. Parques e praças são lugares públicos utilizados para o lazer e nesses locais há risco de ocorrer infecção por contato com o solo contaminado. O objetivo deste trabalho foi pesquisar no solo de praças/parques públicos da cidade de São Paulo a presença de fungos dermatófitos. Foram visitados 25 parques/praças das cinco regiões geográficas da cidade, realizando-se colheita em quatro ou cinco pontos diferentes de cada um deles, totalizando 124 amostras. As amostras de solo foram refrigeradas, enviadas ao Laboratório de Biologia Molecular e Celular da UNIP e, conforme a técnica de Vanbreuseghem, foram acondicionadas em placas de Petri, nas quais foram depositados fios de crina de cavalo, água destilada e solução de extrato de leveduras; todo o material previamente esterilizado. As amostras foram incubadas a 25ºC por até quatro semanas. Fios de crina com crescimento de bolores foram implantados em placas de ágar Mycosel e os fungos isolados foram submetidos ao microcultivo em lâmina e coloração destas com azul de lactofenol-algodão. Realizou-se identificação fenotípica, com base na macro e micromorfologia dos isolados. Dermatófitos foram isolados em 88,0% (22/25) dos parques/praças visitados. Em relação ao total de amostras pesquisadas, 51,6% foram positivas para dermatófitos (64/124). Verificou-se alta frequência de fungos dermatófitos independentemente dos locais amostrados nos parques/praças. Apenas espécies geofílicas foram isoladas, sendo Microsporum gypseum a mais frequente, observada em 89,1% (57/64) e Trichophyton ajelloi em 10,9% (7/64) das amostras positivas. Na cidade de São Paulo é prática comum buscar o lazer em parques/praças, possibilitando a interação meio ambiente-homem-animais. As pessoas, especialmente, as crianças e animais que têm contato maior com o solo, estão sujeitos a adquirir dermatofitose pelos agentes geofílicos encontrados no ambiente como verificado na presente pesquisa. Além disso, os animais de estimação, em particular os cães, podem carrear estes fungos em seus pelos para o interior das residências, constituindo-se em fontes de infecção para homens e outras espécies. Conclui-se que, o solo dos parques/praças visitados na cidade de São Paulo, embora inanimado, torna-se veículo de transmissão por contato indireto de dermatofitose aos homens e animais.