Essa tese teve início na intriga, e supostamente, a intriga deve ser o motivo do
trabalho de todo historiador. O que me intrigava era: como Campo Grande se
inventava como Capital, desde o dia da divisão do estado de Mato Grosso e
a criação de Mato Grosso do Sul, fato que consequentemente havia lhe dado
o título de Capital? Mas para tal análise precisava-se de um objeto, não a
cidade como um todo, mas um lugar que a retratasse em vários momentos;
para isso, usou-se a Praça Ary Coelho e os documentos visuais (fotografias)
sobre a Praça e a cidade. Além disso, o escopo teórico pós-moderno, e
principalmente o suporte na análise discursiva de Michel Foucault, foram
facilitadores para a compreensão da tese aqui proposta, envolvida por
conceitos ampliados por Zygmunt Bauman. O desenvolvimento da escrita foi
inspirado na fotografia, dois momentos vitrificados: como era a Praça Ary
Coelho em 1977 e em 2013. As transformações por quais ela passou, ao longo
do tempo, foram reflexos das transformações da cidade. Assim, na tessitura da
história, pôde-se entender o que fez Campo Grande se inventar como Capital
e como as relações de poder na Praça Ary Coelho representavam esse
processo contínuo que se estende até os dias atuais. Muitos fatores foram
encontrados nos documentos, nas imagens, nas falas, para que a cidade
escolhesse os modelos a serem seguidos, ora de tradição, ora de
modernidade. Existiu uma ruptura, a criação do estado, mas só ela não
determinou o futuro, por isso o que está para além dessa ruptura, ou seja, a
invenção me interessou. A história é assim uma construção, de inúmeros
momentos, que desencadeiam verdades e que resultam nas vivências, foi o
que encontrei nessa pesquisa e o que transformei em narrativa.