Objetivo: Hematúria é uma das complicações pós-operatórias (PO) mais frequentes em pacientes submetidos à cirurgia para tratamento da obstrução prostática benigna (OPB). Na prática clínica, as descrições de hematúria variam amplamente e não são precisas o suficiente para comunicação alinhada entre os profissionais da saúde. A proposta deste estudo foi desenvolver e validar uma nova escala de hematúria durante a vigência de irrigação vesical, a Irrigation Hematuria Scale (IHS) e avaliar a correlação do grau de hematúria pós-cirurgia por OPB com desfechos intra e perioperatórios. Método: Uma nova escala visual de cores, a IHS, foi desenvolvida e validada pelo coeficiente Kappa. Pacientes operados por OPB tiveram o grau de hematúria avaliado, através da IHS, um minuto após a instituição da irrigação vesical ao final da cirurgia. Dados demográficos e dados clínicos intra e perioperatórios foram prospectivamente coletados e os desfechos clínicos foram correlacionados aos graus de hematúria. Resultados: A IHS foi validada com uma concordância interobservadores quase perfeita. Foram analisados 665 pacientes, 81,1% submetidos à RTUp e 18,9% à PTV. Devido ao pequeno número de ocorrência de pontuação igual ou superior a 3 na IHS, a escala, nas análises, foi agregada em três classes: 0, 1 e 2+ (2 ou mais). Observouse aumento na chance de maior grau de hematúria nos pacientes submetidos à PTV em relação à RTUp e, no grupo RTUp, influência positiva do volume da próstata e do tempo de cirurgia para maior grau de hematúria. Em relação ao volume de irrigação PO, na RTUp quanto maior o grau de hematúria, maior o volume de irrigação; já na PTV, pacientes IHS grau 2+ necessitaram maior volume que os pacientes grau 0 e 1. Quanto ao tempo de irrigação, na RTUp, pacientes com IHS grau 2+ apresentaram maior tempo de irrigação em relação aos pacientes grau 0 e 1; e na PTV, quanto maior o grau de hematúria, maior o tempo de irrigação. O tempo de sonda vesical de demora no PO aumentou de acordo com o aumento do grau de hematúria. Pacientes com IHS grau 2+ apresentaram maior tempo de internação, tanto na RTUp quanto na PTV. Conclusão: A IHS se mostrou ferramenta reprodutível, confiável e útil na predição de desfechos perioperatórios. Houve correlação entre os graus de hematúria, segundo a IHS, e os desfechos perioperatórios avaliados: volume de irrigação PO, tempo de irrigação vesical, tempo de sondagem vesical PO e tempo de internação.