O segmento ferroviário durante muitos anos sofreu com a falta de investimento tanto no desenvolvimento de novos projetos quanto de pesquisas. Talvez por isso as normas e diretrizes vigentes no Brasil seguem, na sua grande maioria, premissas ultrapassadas que migraram da modalidade rodoviária ou de normas internacionais que não apresentam similaridade com as características do país. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de metodologia de seleção de materiais que são tradicionalmente descartados por apresentarem características físicas supostamente inadequadas, baseadas em correlações empíricas. Também, visando-se uma melhor interação do usuário com plataformas computacionais, foram desenvolvidos os softwares SysTrain e IVFlow que permitem a determinação das tensões oriundas das composições que trafegam em ferrovias, e a definição da variação da umidade dos solos em função dos regimes de chuvas, respectivamente. As ferrovias, ao contrário de pavimentos rodoviários e aeroportuários, ficam constantemente expostas às intempéries, o que propicia uma maior suscetibilidade a perda da resistência mecânica ao longo da sua vida útil devido à possibilidade de percolação das águas das chuvas nas camadas de fundação da via. Assim sendo, para o melhor entendimento deste fenômeno, foi executado um trecho experimental em Açailândia – MA, utilizando um solo arenoso fino laterítico (SAFL) no sublastro que, tradicionalmente, seria descartado por não atender às premissas de caracterização física. Todavia, quando se estudaram as propriedades mecânicas do material utilizando ensaios cíclicos de cargas repetidas, os resultados encontrados indicaram um excelente comportamento frente às cargas ferroviárias. Ao longo dos últimos três anos, foram realizadas inspeções regulares para verificação da integridade estrutural do segmento. Após três (três) ciclos de período chuvoso, foi realizada a inspeção utilizando-se um veículo rodoferroviário (carro-controle) para coleta de dados e simulação da dinâmica de via através do software VAMPIRE, para um estudo comparativo de trechos contínuos executados com o SAFL e com materiais areno-pedregulhosos tradicionais. O estudo comprova que, para ambas as situações, a dinâmica de via é bastante similar, sendo que, em algumas análises, o trecho com SAFL teve melhor comportamento em se comparando com um segmento executado com sublastro tradicional, podendo-se considerar que o trecho obteve sucesso nas avaliações a que foi submetido. Conclui-se que os solos enquadrados na metodologia MCT como LA’ estariam aptos a serem empregados como camada de sublastro.