O objetivo do presente trabalho foi avaliar as diferenças no perfil proteômico do plasma seminal
de búfalos (Bubalus bubalis) relacionadas à resistência espermática ao processo de congelamentodescongelamento. Para tanto, um total de 118 ejaculados obtidos de 13 touros búfalo foram
submetidos ao processo de congelamento de espermatozoides. Previamente ao processamento,
uma alíquota de cada ejaculado foi centrifugada para recuperação do plasma seminal para
posterior análise proteômica. A resposta dos espermatozoides ao processo de congelamentodescongelamento foi avaliada a partir dos parâmetros de motilidade e da cinética espermática,
fornecidos pelo CASA (Computer Assisted Sperm Analysis), nos tempos: imediatamente antes do
resfriamento (PR), imediatamente antes do congelamento (PC) e após o descongelamento nos
tempos 5 (PD_T5), 60 (PD_T60), 120 (PD_T120) e 180 (PD_T180) minutos. As diferenças no
perfil proteômico do plasma seminal foram avaliadas por eletroforese diferencial (difference ingel electrophoresis, DIGE). Para todas a análises, utilizou-se p ≤ 0,05. Grande variação inter e
intra-indivíduo foi observada na longevidade da motilidade espermática após o descongelamento,
sendo a maior variabilidade observada entre os ejaculados de um mesmo animal. A partir do
declínio da motilidade total entre os tempos PR e PD_T180, foram selecionados os ejaculados
que apresentaram maior (grupo de resistência espermática boa_RB, n = 21) e menor (grupo de
resistência espermática ruim_RR, n = 19) resistência espermática ao congelamentodescongelamento. Os ejaculados RB e RR foram semelhantes quanto às características
espermáticas nas avaliações anteriores ao congelamento, exceto para os parâmetros de velocidade
(VCL, VSL, VAP), os quais foram maiores no grupo RB (p ≤ 0,05). Imediatamente após o
descongelamento e durante o período de incubação, os ejaculados RB mantiveram maior
velocidade (VCL, VSL, VAP), e apresentaram maior motilidade total e porcentagem de células
rápidas em todos os tempos de avaliação (p ≤ 0,05). Após o descongelamento, principalmente ao
final do período de incubação (120 e/ou 180 minutos), o grupo RB também apresentou maiores
valores de ALH, STR, BCF e LIN (p ≤ 0,05). Nove ejaculados RB e oito RR foram selecionados
para a análise proteômica. Trinta e quatro spots foram diferencialmente intensos nos pools de
plasma seminal RBp e RRp, sendo 30 mais intensos no grupo RBp e quatro no grupo RRp (p ≤
0,05). Dentre os spots de maior intensidade no grupo RBp, 14 apresentaram peso molecular entre
33 e 41 kDa e ponto isoelétrico entre 4,2 e 4,9, respectivamente, e representaram 41,2% do
número total de spots diferencialmente intensos e 43,8% da intensidade relativa total. Desses 14
spots, 12 foram identificados por espectrometria de massas em MALDI-TOF/TOF como
Clusterinas. Além disso, dentre os spots de maior intensidade no grupo RRp, foi identificada a
proteína 14-3-3 zeta/delta. Concluiu-se que os ejaculados de búfalos apresentaram grande
variação na resistência espermática ao processo de congelamento-descongelamento, caracterizada
por maior sobrevivência e, principalmente, longevidade dos espermatozoides após o
descongelamento. Por fim, diferenças no perfil proteômico do plasma seminal foram observadas
entre os ejaculados de maior e menor resistência espermática, sendo a proteína clusterina mais
abundante no plasma seminal dos ejaculados cujos espermatozoides foram mais resistentes ao
processo.