Este trabalho analisa como os processos referenciais no gênero debate político atuam para a constituição da textualidade e da argumentação nesse gênero, no que concerne aos processos sociocognitivos envolvidos na referenciação. Para isso, buscou-se observar quais processos são mais evidentes no gênero debate; avaliar
como os fenômenos referenciais desse gênero instauram os três fundamentos da referenciação; analisar de que maneira a recategorização metafórica atua na constituição da tessitura textual e do processo argumentativo no debate político. Abordou-se, ainda, sobre os gêneros textuais, sua definição e classificação, bem como a caracterização do gênero debate político, o qual é tido como público e regrado e de base argumentativa, uma vez que nele os debatedores buscam convencer eleitores indecisos de que são os candidatos mais aptos para presidente. O referencial teórico conta com as contribuições de Antunes (2005), Bentes (2012), Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014), Costa (2009), Custódio Filho (2011), Fávero e Koch (2012), Koch (2004), (2011), (2012), (2013), (2014) e (2015), Koch e Elias (2009), (2015), (2016a) e (2016b), Köche, Boff e Marinello (2010), Marcuschi (2003), (2008), (2010), (2012), Moreira (2002), Preti (2000), Xavier (2014), entre outros. O estudo
segue uma abordagem qualitativa, segundo a qual foram analisados os dados da pesquisa de modo interpretativo, evidenciando a relevância dos processos referenciais observados, sem focalizar em sua quantificação. O corpus é constituído de fragmentos do debate da rede Band de televisão do segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, em 2014. O referido debate foi selecionado aleatoriamente entre nove debates políticos do primeiro e segundo turnos, os quais compõem o universo da pesquisa. Para a análise dos dados orais, fez-se a transcrição com base nas normas de Marcuschi (2003) e Preti (2000). As análises mostraram como diferentes processos referenciais atuaram na constituição da textualidade e da argumentação no debate político, os quais evidenciaram como a linguagem reconstrói a realidade de forma negociada e sob uma perspectiva sociocognitiva. Viu-se, ainda, como a recategorização metafórica promoveu o sentido, por meio de processo complexo de inferenciação, e a argumentação no debate pela construção de objetos de discurso a partir dos pontos de vista dos enunciadores.