O metano entérico em ruminantes é um produto do processo de fermentação entérica,
principalmente ruminal e é eliminado majoritamente através da eructação. Uma meta-análise
foi realizada como objetivo de elucidar os fatores que afetam a intensidade de CH4 entérico e
a produção de CH4 entérico em vacas leiteiras, desenvolver modelos para predizer a produção
de CH4 entérico em vacas leiteiras, usando apenas características associadas aos animais
como variáveis preditivas e comparar com os modelos de variáveis preditoras com dietas; e
avaliar a qualidade da predição dos modelos propostos com 43 modelos existentes para prever
a produção de CH4 entérico utilizando um conjunto de dados independente. O conjunto de
dados foi composto por 115 artigos (419 médias de tratamentos oruindas de 125
experimentos) publicados em periódicos científicos. O conjunto de dados foi dividido
aleatoriamente em dois sub-conjuntos. O primeiro subconjunto foi utilizado para a construção
dos modelos para predizer a produção de CH4 entérico (80 artigos; 90 experimentos; 301
médias). E o segundo sub-conjunto foi utilizado para avaliação da acurária e precisão da
predição dos modelos prospostos e existentes (35 artigos; 35 experimentos; 118 médias de
tratamento). O conjunto de dados foi oriúndo de 18 países, apresentou uma ampla variação
nas características dos animais, dieta e emissão de metano. Câmara respirométrica, técnica do
SF6 e GreenFeed® foram os métodos utilizados para mensurar a produção de CH4 entérico,
intensidade da produção de CH4 entérico e o rendimento da produção de CH4 entérico. Não
observamos diferenças nas médias de rendimento de CH4 entérico (19,9 ± 1,0 g metano/kg
CMS; P = 0,13) e intensidade de CH4 entérico (19,9 ± 1,0 g metano/kg CMS; P = 0,13)
observadas nos estudos que utilizaram os métodos para quantificar a produção de CH4 entérico. As variáveis relacionadas ao animal influenciaram mais a produção de CH4 entérico
do que as variáveis associadas com a dieta (90,18% versus 3,30% da variação total da
produção de CH4 entérico por vaca/dia). A conversão alimentar teve maior efeito na
intensidade da produção de CH4 entérico do que o rendimento da produção de CH4 entérico
(59,0% versus 39,6% da variação total da intensidade da produção de CH4 entérico) . Nos
modelos Animal I (sem consumo de matéria seca (CMS)) e II (com CMS) foram utilizados a
produção de leite e peso metabólico como variáveis preditoras. Os modelos Dieta I e II se
ajustaram com teores de extrato etéreo e matéria orgânica digestível. Os modelos Animal +
Dieta I e II foram ajustados com todas variáveis dos modelos Dieta e Animal. O modelo
Animal I apresentou menor valor de coeficiente de correlação de concordância (CCC) e maior
(P < 0,05) raiz quadrada do quadrado médio do erro da predição (RQMEP) em relação aos
modelos Dieta II, Animal + Dieta I e II. O modelo Animal II, embora apresentou valor de
CCC semelhante aos modelos Dieta II, Animal + Diet I e II, a RQMEP foi maior (P < 0,05)
do que esses modelos. Assim, os modelos de predição da produção de CH4 entérico utilizando
apenas variáveis do animal não apresentaram acurácia semelhante aos modelos com variáveis
associadas à dieta e ao animal. Entre os seis modelos propostos, os modelos Animal + Dieta I,
Animal + Dieta II e Dieta II foram o que apresentaram as melhores qualidades de predição.
Os modelos II e III de Nielsen et al. (2013) e o Modelo III de Storlien et al. (2014) foram os
modelos existentes mais semelhantes ao modelo Animal + Dieta I. Recomendamos o uso do
modelo Animal + Dieta I ou Animal + Dieta II ou Dieta II para predição da produção de CH4
entérico de vacas leiteiras. Esta pesquisa é parte de um projeto conduzido pelo Laboratório de
Pesquisa em Pecuária de Leite da UFMT-Sinop, para desenvolver um novo sistema
nutricional aplicada à bovinos de leite, Nutrition System to Dairy Cattle (NS-Dairy Cattle)