HENRIQUES, Marcelo de Oliveira. Enxerto omental livre sem anastomose vascular na cicatrização cutânea de ratos. 2018. 00f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária). Instituto de Veterinária, Seropédica, RJ, 2018.
O processo de cicatrização em mamíferos está intimamente ligado à manutenção do meio interno e à sobrevivência do animal, sendo influenciado por vários fatores, seja de forma benéfica, como vascularização local, estado nutricional, higidez, entre outros ou de forma deletéria, como presença de infecção e doenças concomitantes. Independente do agente agressor e do tecido injuriado, os mecanismos de cicatrização são os mesmos, com uma fase inicial que envolve a coagulação sanguínea e inflamação, uma segunda fase de proliferação tecidual e uma fase final de remodelamento ou maturação, o que permite a extrapolação dos resultados obtidos em feridas cutâneas para os demais tecidos. O processo de reparo tecidual é bem descrito ao nível histológico, mas os genes que regulam o reparo estão sendo identificados, através das expressões de seus fatores de crescimento e citocinas, assim como a interação celular. Materiais biológicos, empregados como curativo oclusivo, têm sido recomendados por possuírem propriedades antibacteriana e analgésica, acelerarem a formação de tecido de granulação e epitelização, propiciarem barreira à invasão bacteriana, características benéficas para a cicatrização e o omento tem sido proposto na medicina humana e veterinária na cicatrização de feridas, através de enxertos pediculados ou livres, desde antes de 1900, entretanto o mecanismo pelo qual há auxílio na resolução de lesões não é completamente compreendido. A presença de ampla vascularização e de células de defesa inata e específica, denominados “milky spots”, associadas a células omentais, que uma vez na presença de corpo estranho ou inflamação, podem ser ativadas e passarem a expressar fatores de crescimento e marcadores de células pluripotenciais mesenquimais, tem sido determinado como preponderante para promover cicatrização e regeneração em tecidos injuriados. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a viabilidade e influência do enxerto de omento livre, sem anastomose vascular, na cicatrização de feridas cutâneas em ratos Wistar machos, realizadas através de avaliações clínicas e da quantificação de fibras colágenas do tipo I e III, de células inflamatórias, da citocina fator de crescimento transformador beta e de fatores de crescimento locais, como o fator de crescimento de endotélio vascular e de fator de crescimento de fibroblastos, através de imunohistoquímica e da quantificação da expressão gênica feita pela técnica de reação em cadeia de polimerase. A utilização do omento livre autólogo sem anastomose vascular na cicatrização cutânea é eficaz e viável, não tendo ocorrido rejeição, perda do enxerto ou ausência de cicatrização nas lesões agudas em ratos saudáveis, sem entretanto, haver diferença estatística nas análises laboratoriais quando comparada aos grupos controles.
Palavras-chave: Citocinas, Expressão gênica, Fatores de crescimento, Reparo tecidual.