O controle de parasitas gastrintestinais têm se mostrado um grande desafio para a ovinocultura no Brasil, devido ao fenômeno da resistência aos medicamentos anti-parasitários. O fenômeno da resistência é a redução da eficácia do medicamento inferior a 95%. A fim de estudar a resposta ao uso do princípio ativo monepantel (MNT) em tratamento supressivo de ovinos em pastagens, foram utilizadas 45 ovelhas mestiças Suffolk e White Dorper, naturalmente infectadas com nematódeos gastrintestinais (NGI) no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da Universidade Federal do Paraná. As ovelhas foram divididas em três grupos de 15 animais, sendo; G1: Controle; sob tratamento após avaliação do grau FAMACHA© (FMC) a cada 15 dias, G2: Monepantel (MNT) na dose terapêutica de 20 mg/kg, independentemente do grau FMC; e G3: MNT na dose de 40 mg/kg, independentemente do grau FMC. Para os grupos 2 e 3 os animais receberam as doses do medicamento via oral, conforme a recomendação do fabricante, a cada 30 dias. A cada 15 dias todos os animais do experimento foram pesados e tinham seu grau FMC e escore de condição corporal monitorados, além do sangue coletado para determinação do hematócrito a cada 30 dias; nesse intervalo também ocorriam as avaliações de pastagem, altura e massa de forragem – na qual os animais foram mantidos. As contagens de larvas infectantes (L3) na pastagem ocorreram mensalmente. A eficácia do MNT foi avaliada nos dias 0, 7, 14, 21 e 28 de cada mês, através de coleta de fezes semanal para contagem de ovos por grama de fezes (OPG), sendo reiniciada a avaliação a partir da aplicação do medicamento no dia 0 do mês subsequente, totalizando seis meses. A cada 30 dias foi feita coprocultura com a amostra fecal composta de todos os animais para identificação das espécies de parasitas. Não houve efeito de tratamento (P>0,05) sobre o número de OPG nas fezes das ovelhas e nem sobre a variável peso (P=0,75). No entanto, sobre esta variável houve efeito de período (P<0,0001) e interação tratamento x período (P<0,0001). Os valores de grau FMC variaram entre os graus 1 e 2. As médias de hematócrito foram 27, 29 e 32%, respectivamente, para os grupos Controle, G2 e G3. Concluiu-se que, após a utilização do MNT de maneira supressiva, a baixa eficácia observada (28 e 39% para os grupos 2 e 3, respectivamente) pode ser indicativo de resistência parasitária.