Os efeitos de eventos climáticos têm se tornado cada vez mais intensos e frequentes, podendo gerar diversos transtornos ambientais e sociais. Desta forma, os objetivos deste estudo foram conhecer as respostas das variáveis hidrodinâmicas e hidrológicas, aos diferentes cenários climáticos (anos típicos, Drought, El Niño e La Niña), entre abril/2012 e abril/2017, em um estuário amazônico. O estuário do Taperaçu é relativamente raso, não recebe descarga direta de rios, entretanto está conectado ao estuário do Caeté, através do canal de maré do Taici. Para este trabalho foram realizadas 21 campanhas, com duração de 25 horas cada, em três estações. Variáveis climatológicas, hidrodinâmicas e hidrológicas foram estudadas espaço-temporalmente, sendo descritas em três artigos. . Para o primeiro artigo foram realizadas coletas entre junho/2012 e junho/2013. As variáveis hidrológicas foram controladas pela precipitação e pelas marés, e a água foi mais salina e oxigenada, com concentrações reduzidas de nutrientes dissolvidos e clorofila-a quando a precipitação diminuiu. O segundo artigo investigou a variação espaço-temporal da salinidade no estuário, entre abril/2012 e março/2015. A salinidade atingiu seu maior pico na estação seca, especialmente no setor inferior (40), os menores valores (< 10) foram registrados na estação chuvosa, no estuário superior. Os anos de seca (2012-2013) apresentaram maior salinidade em comparação com 2014-2015 O terceiro artigo mostrou que em condições normais, as águas do Taperaçu foram mais turvas e ricas em nutrientes e clorofila-a. Em 2012-2013, um evento Drought tornou as águas mais salinas e ricas em fósforo. Durante o El Niño de 2015-2016 as águas foram ligeiramente mais quentes, mais alcalinas, e com baixos valores de amônia. Em 2017, as fortes chuvas registradas durante o evento La Niña resultaram em menor salinidade e maiores concentrações de nutrientes dissolvidos, turbidez e biomassa fitoplanctônica. A conexão com o estuário do Caeté, manguezais, zonas úmidas adjacentes e amplitude das marés, contribuíram significativamente para o influxo de águas ricas em nutrientes para o estuário, principalmente durante os períodos de maior precipitação. Acreditamos que o efeito destes eventos, além de afetar diretamente a disponibilidade de nutrientes e biomassa fitoplanctônica, também afetará a composição dos organismos planctônicos e a produção pesqueira na região. Sugere-se ainda que estes efeitos sejam semelhantes a outras áreas, não apenas da costa amazônica, mas também em regiões equatoriais com características similares.