A esquizofrenia (SCZ) é uma doença multifatorial, que embora tenha sido
amplamente estudada, a patofisiologia ainda é pouco conhecida. A busca por
biomarcadores que possam auxiliar no diagnóstico e prognóstico da SCZ, ou que
contribuam para o monitoramento da resposta à farmacoterapia, vem recebendo
grande destaque, em especial na pesquisa clínica. Estudos com modelos animais
também tem sido explorado, com o objetivo de traçar um paralelo com os achados na
clínica, e também visando identificar e compreender as vias moleculares envolvidas.
A prolil-oligopeptidase (POP) é uma enzima ubiquamente expressa, amplamente
encontrada no sistema nervoso central (SNC) e que tem papel importante no
neurodesenvolvimento, memória e aprendizagem. Alguns estudos sugerem que
alterações na atividade da POP possam estar relacionadas com transtornos
neuropsiquiátricos. Neste trabalho, a atividade da POP foi avaliada, monitorando-se
a hidrólise de substrato específico, no plasma de pacientes SCZ crônicos e em
indivíduos em primeiro episódio psicótico (PEP), e que foi comparada com voluntários
saudáveis. Buscamos correlacionar os dados encontrados na clínica, com a atividade
da POP no plasma e em regiões selecionadas do cérebro de animais, o modelo
animal para a SCZ (linhagem SHR) e de animais normotensos Wistar (NWR), antes
e após o tratamento por 30 dias com os antipsicóticos típico haloperidol (Halo, 0,5
mg/kg, IP), e atípico clozapina (Cloz, 2,5 mg/kg, IP),. Embora, na clínica, não se
observe diferença significativa na atividade da POP entre os controles saudáveis e os
pacientes em PEP antes da intervenção farmacológica, ou os portadores de SCZ
crônicos tratados, para o modelo animal, observou-se maior atividade da POP no soro
dos animais SHR comparados aos animais NWR, como também observado em várias
regiões do cérebro destes animais. Além disto, o tratamento com antipsicóticos foi
capaz de reduzir a atividade da POP no soro e em duas regiões do cérebro do SHR,
mas sem alteração nos tecidos dos animais NWR analisados como controle. Embora,
se observe apenas uma tendência para a menor da atividade da POP nos pacientes
em PEP comparado aos SCZ crônicos, sugerimos possível correlação desta
observação com a redução da atividade da POP apenas no modelo animal SHR, após
o tratamento com os antipsicóticos. Possíveis correlações entre os efeitos do
tratamento com os antipsicóticos na atividade da POP e as alterações
comportamentais previamente descritos para estes animais também são discutidos.