Objetivo: Analisar a mortalidade hospitalar e investigar os óbitos associados à infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) em um hospital de ensino localizado na Amazônia Ocidental brasileira. Método: Utilizou-se de bancos de dados do Sistema de Informações Hospitalar (SIH) e Sistema Sobre Mortalidade (SIM) do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos registros do Serviço de Vigilância Epidemiológica da instituição dos óbitos ocorridos no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2016. Resultados: Os resultados desta investigação permitiram a elaboração de três artigos com abordagens temáticas sobre a mortalidade com ênfase nas IRAS. O primeiro artigo resultou de um estudo transversal, exploratório e censitário que observou 634 óbitos ocorridos na instituição, dos quais a maioria dos pacientes era do sexo masculino (56,9%), com idade média de 63,03 (DP = 17,02) anos, cor parda predominante (68,9%), situação conjugal declarada solteira (32,2%), com tempo médio de internação de 20,76 (DP = 55,09) dias, principal causa básica do óbito as neoplasias (45,4%) e as doenças infecciosas e parasitárias como as principais causas imediatas de morte (28,9%). O segundo resultou de um estudo descritivo e analítico com 422 pacientes acima de 48 horas de internação e que morreram no período do estudo, a maioria era do sexo masculino (59,0%), com idade média de 63,75 (DP = 17,18) anos, raça/cor não branca (75,1%), sem companheiro(a) (53,8%), com tempo médio de internação de 17,7 (DP = 13,80) dias, procedentes de suas residências (54,7%). A frequência de IRAS foi 23,5% e destas, 55,6% foram contribuintes ao óbito. Após o ajustamento das variáveis por regressão logística pelo método da razão de verossimilhança, estiveram associados à ocorrência de IRAS o uso de corticoides (OR 1,94 IC 95% 1,07-3,54, p=0,04), sonda vesical de demora (OR 2,67 IC 95% 1,27-4,83, p=0,01) e tempo de permanência acima de 7 dias (OR 7,89 IC 95% 2,96-21,03, p<0,001). Infecção presente na admissão apresentou associação inversa (OR 0,12 IC 95% 0,06-0,23, p<0,001). O terceiro resultou de um estudo de coorte retrospectivo com 99 pacientes com IRAS que morreram no período da observação. A probabilidade de sobreviver nos primeiros sete dias após diagnóstico de IRAS foi de 54,5%. A mediana do tempo de sobrevivência após o diagnóstico de IRAS foi de 9 dias. O risco foi maior entre pacientes do sexo feminino (52,2%) com idade acima de 65 anos (48,1%). Estiveram associados ao risco de morte: uso de dispositivos invasivos (ventilação mecânica, tubo orotraqueal, traqueostomia, cateter venoso central e sonda vesical de demora) e internação em UTI. Conclusão: A ocorrência de IRAS necessita de atenção especial por se constituírem um grave problema de saúde pública em decorrência de sua alta morbidade e mortalidade. Reforça-se a necessidade do aprimoramento das medidas de prevenção e controle da transmissão deste tipo de agravo. Contudo, além dos achados apresentados nesta tese encontrarem amparo na literatura sobre esta temática e contribuir com as informações na área da saúde, aponta-se a necessidade de mais investigações com o propósito de conhecer a gravidade dessas infecções, bem como os agentes etiológicos envolvidos.