Introdução: Síndrome de Sjögren primária (SSp) é uma doença sistêmica imunomediada inflamatória que acomete as glândulas exócrinas e menos frequentemente os órgãos internos. O processo inflamatório pode afetar qualquer
sistema, entre eles o musculoesquelético e o cardiorrespiratório, sendo capaz de promover declínio das funções físicas com consequente diminuição da força muscular, capacidade aeróbia, mobilidade articular e equilíbrio estático. Além disso é descrito prejuízo psicossocial com potencial piora da qualidade de vida e capacidade funcional (CF). Por fim, os pacientes com SSp também apresentam como característica fisiológica marcante um elevado nível de fadiga. Objetivo: Analisar a efetividade do exercício resistido no comportamento motor diário e na capacidade funcional em mulheres com SSp. Método: Foram randomizadas 59 pacientes, dos quais 51 completaram o estudo (26 alocadas no grupo exercício – GEX e 25 no grupo controle – CTRL). O grupo GEX foi submetido a um programa de exercício resistido supervisionado durante 16 semanas, 2 sessões por semana e 3 séries de 10
repetições máximas (RM) por exercício. Antes e ao final do protocolo de intervenção foram avaliados o índice de atividade motora diária (IAMD) através de um actígrafo, equipamento que registra os movimentos corporais; a capacidade funcional pelo protocolo Fullerton Functional Fitness Test – que consiste em uma sequência de 6
testes que mimetizam as necessidades neuromotoras e cardiorrespiratórias envolvidas nas atividades da vida diária: força de membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII), flexibilidade de MMSS e MMII, capacidade aeróbia e agilidade/equilíbrio dinâmico, assim como pelo questionário DASH – que estima incapacidade funcional de MMSS; atividade da doença pelo questionário ESSDAI e a qualidade de vida relacionada à saúde pelo questionário SF-36. Resultados: Após o período de intervenção no grupo GEX, todos os parâmetros de CF apresentaram melhora em relação aos tempos basal e final, excetuando-se apenas o teste de flexibilidade de MMSS onde houve uma manutenção dos resultados (p=0,896): força de MMSS (p<0,001), força de MMII (p<0,001), flexibilidade de MMII (p=0,001), capacidade aeróbia (p<0,001) e agilidade/equilíbrio dinâmico (p=0,002), assim como DASH (p<0,001). Situação semelhante no SF-36, todos os domínios melhoraram, com exceção do aspecto emocional (p=0,710): capacidade funcional (p<0,001), limitação por aspectos físicos (p= 0,005), dor (p<0,001), estado geral de saúde (p=0,006),
vitalidade (p<0,001), aspectos sociais (p=0,001) e saúde mental (p<0,001). Não houve alteração no IAMD (p=0,2) e no ESSDAI (p=0,284). Entretanto sob a óptica da movimentação das pacientes entre as categorias ou níveis de classificação do ESSDAI, o GEX exibiu melhora enquanto que o CTRL piora. Conclusão: Quatorze (82,3%) de 17 variáveis estudadas exibiram melhora após a intervenção. O programa de exercício resistido supervisionado de 4 meses com duas sessões semanais não piorou o IAMD e a atividade da doença, sugerindo um efeito protetor da intervenção, e foi efetivo na melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida em mulheres com SSp.