Um Sistema de Saúde é definido a partir de suas leis e regulações, forma de financiamento, lógicas de administração e o escopo de sua produção dos serviços e bens de saúde para o atendimento à determinada população. No Brasil, saúde tem se mantido nos últimos anos como primeiro problema mais importante enfrentado no cotidiano pela população, sendo o subfinanciamento do setor público de saúde um dos fatores impeditivos para o cumprimento dos preceitos constitucionais de acesso universal e atendimento integral. Nesse contexto de necessidade de ampliação da eficiência do uso dos recursos públicos, associado à complexidade de gestão do SUS em um sistema federalista e com políticas explícitas de descentralização e regionalização, surgem os consórcios públicos enquanto solução organizacional para suprir as necessidades de coordenação e integração entre os entes subnacionais. Os benefícios dos consórcios são o ganho de escala na prestação de serviços públicos, a racionalidade de processos e de despesas, a realização de projetos conjuntos considerados inviáveis de forma isolada, além do fortalecimento político de regiões até então com pouca representatividade estadual. Entretanto, os consórcios possuem estruturas de tomada de decisão que envolvem diversos prefeitos e secretários de saúde, com possíveis orientações políticas distintas e prioridades que não são necessariamente convergentes, gerando complexidade para a governança dessas organizações e desafiando a obtenção dos bons resultados acima citados. Dados os pontos expostos, além da necessidade de assegurar os princípios de integralidade, universalidade e equidade do SUS, bem como buscar pela melhoria de eficiência no uso dos recursos públicos, o objetivo dessa pesquisa é analisar os principais problemas de governança nos consórcios de saúde do Estado do Rio de Janeiro, através da avaliação de suas estruturas e mecanismos de governança, para entendimento sobre como os fatores internos ao consórcio (estruturas de governança, suas competências e composição) e externos ao consórcio (relação com quadros políticos nos diversos níveis, com órgãos de controle e instâncias de pactuação do SUS) podem afetar seu desempenho. Os resultados dessa pesquisa foram as análises individuais de cada um dos cinco consórcios de saúde em atividade no Estado, bem como a análise cruzada no que tange aos seguintes aspectos: i) dados demográficos, socioeconômicos e orçamentários dos municípios; ii) instâncias decisórias da governança dos consórcios e iii) resultados das entrevistas sobre a governança dos consórcios. Além disso, os resultados contaram com recomendações e considerações quanto ao portfólio de serviços, financiamento, estrutura de governança dos consórcios, relação dos consórcios com os entes federativos, relação dos consórcios com as instâncias de pactuação de SUS e relação dos consórcios com os órgãos de controle internos e externos.