Objetivo: Avaliar a efetividade e a segurança da cirurgia mamária em pacientes com câncer de mama metastático. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática segundo a metodologia Cochrane. A busca eletrônica foi realizada no dia 22 de fevereiro de 2016, utilizando os termos MeSH "neoplasias mamárias", "cirurgia mamária" e "análise, sobrevivência" nas seguintes bases de dados eletrônicas: o Registro Especializado do Grupo Cochrane de Câncer de Mama, o Registro de Ensaios Controlados do Cochrane Center, MEDLINE via PubMed, EMBASE via Ovid, LILACS e a Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), além de busca manual nas listas de referências dos estudos relevantes e congressos. Foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados com mulheres diagnosticadas com câncer de mama metastático, comparando a cirurgia mamária associada a terapia sistêmica versus a terapia sistêmica. Dois pesquisadores, de modo independente, avaliaram os estudos obtidos na busca eletrônica quanto aos critérios de elegibilidade e ao risco de viés. O risco de viés dos estudos incluídos foi avaliado pela ferramenta Cochrane Risk of Bias. A qualidade do corpo de evidências foi avaliada usando a ferramenta GRADE. Utilizou-se a razão de risco (RR) para medir o efeito do tratamento para resultados dicotômicos, diferenças médias (MD) para resultados contínuos e hazard ratio (HR) para resultados de tempo para evento. Foram calculados intervalos de confiança de 95% (IC 95%) para essas medidas. O desfecho primário foi a sobrevida global e a qualidade de vida. Os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão local, sobrevida livre de progressão a distância e toxicidade da terapia local. Resultados: Foram incluídos dois ensaios clínicos randomizados que envolveram 624 participantes. A cirurgia mamária não melhorou a sobrevida global das mulheres com câncer metastático (HR = 0,83; IC 95%: 0,53-1,31; evidência de qualidade muito baixa), porém a sobrevida livre de progressão local foi 78% melhor (HR = 0,22, IC95% 0,08 - 0,57; evidência de baixa qualidade) e a sobrevida livre de progressão metastática piorou em 40% (HR 1,42, IC 95% 1,08-1,86, evidência de moderada qualidade). Conclusão: Com base em uma evidência de muito baixa qualidade oriunda de dois ensaios clínicos randomizados, não é possível ter conclusões definitivas sobre os riscos e benefícios da cirurgia mamária nas mulheres com câncer de mama metastático.