OBA, P. M. Efeitos da parede celular de levedura sobre a microbiota fecal de gatos saudáveis e naturalmente
infectados pelo vírus da imunodeficiência felina. [Effects of yeast cell wall on the fecal microbiota of healthy cats and
cats naturally infected by feline immunodeficiency virus]. 2018. 107 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2018.
A parede celular de levedura (PCL) parece exercer importante papel na modulação da microbiota
intestinal. Sua inclusão pode inibir a colonização por bactérias patogênicas e resultar em possíveis
benefícios à saúde intestinal. O vírus da imunodeficiência felina (FIV) apresenta relativa disseminação
ambiental e, frente ao crescente número de gatos domiciliados no Brasil, reconhecer alterações
microbiológicas dos animais acometidos por este vírus é de grande importância. Neste sentido, o
presente trabalho objetivou avaliar os efeitos da ingestão de PCL na composição da microbiota fecal
de gatos saudáveis e de gatos com FIV pelo emprego da técnica de sequenciamento Illumina. Foram
utilizados 19 gatos adultos, distribuídos em dois grupos experimentais: GS (10 animais saudáveis) e GI
(9 animais infectados naturalmente pelo FIV); e duas dietas experimentais: D0 (dieta controle, sem
adição de PCL) e D4 (dieta teste com adição de 0,4% de PCL), totalizando quatro tratamentos (GSD0,
GSD4, GID0 e GID4), em delineamento inteiramente casualizado (DIC). Os resultados apresentaram
como mais abundantes os filos Firmicutes e Actinobacteria; as ordens Clostridiales e Coriobacteriales;
a família Veillonellaceae; e o gênero Megasphaera spp.. O GS apresentou menor concentração de
Fusobacteria (p=0,0037), Clostridiales (p=0,0001) e Fusobacteriales (p=0,0330), maior de
Coriobacteriales (p<0,0001), Collinsella spp. (p=0,0135) e Peptococcus spp. (p=0,0265) em
comparação ao GI. O consumo da PCL reduziu a porcentagem de Bacteroidetes (p =0,0421) e
Catenibacterium spp. (p=0,0252). No GS, o consumo da PCL aumentou a concentração de
Actinobacteria (p<0,0001) e Bifidobacterium spp. (p=0,0420) e, diminuiu a de Firmicutes (p=0,0205),
Aeromonadales (p=0,0027), Dialister spp. (p=0,0137), Megasphaera spp. (p=0,0005) e
Anaerobiospirillum spp. (p=0,0084). No GI, o consumo de PCL aumentou Proteobacteria (p=0,0005),
Lactobacillales (p=0,0095), Aeromonadales (p=0,0027), Streptococcus spp (p=0,008) e
Anaerobiospirillum spp. (p=0,0084) e reduziu Bifidobacterium spp. (p=0,0420). Com relação aos
coeficientes de digestibilidade aparente (CDA), o GI apresentou menor CDA da proteína bruta
(p=0,0305) e extrativos não-nitrogenados (p=0,0078) e, maiores do extrato etéreo em hidrólise ácida
(p<0,0001), em comparação ao GS. Não houve diferença na concentração de ácidos graxos de cadeia
curta (AGCC) ou mesmo de ácido lático entre os tratamentos, grupos e doses. A modulação bacteriana
exercida pelo consumo da PCL aparentemente é positiva, porém mais estudos se fazem necessários
para fortalecer esta hipótese na espécie alvo e, principalmente, esclarecer as diferenças existentes em
sua resposta entre gatos doentes e saudáveis.