PERNA JUNIOR, Flavio. Taninos como aditivo alimentar para mitigação das emissões de
metano em ruminantes. 2018. 115 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2018.
Embora algumas estratégias alimentares tenham sido propostas para diminuir a emissão de
metano (CH 4 ) provenientes de ruminantes, poucas têm mostrado diminuição persistente,
principalmente in vivo. O objetivo do presente estudo foi avaliar o uso de diferentes níveis de
taninos como aditivo alimentar para ruminantes como mitigador das emissões de CH 4 ruminal
e dos dejetos. Utilizou-se o delineamento experimental quadrado latino 4x4 duplicado (4
períodos de 28 dias cada), em arranjo fatorial 2x4, sendo testados dois grupos distintos de
bovinos (aptidão para produção de leite ou para produção de carne) e quatro níveis de
inclusão de taninos (extrato comercial de Acacia mearnsii, contendo 82,3% de taninos totais e
32,3% de taninos condensados) na dieta (0; 0,5; 1,0 e 1,5% da MS da dieta). Para avaliar a
produção de CH 4 dos dejetos utilizou-se biodigestores anaeróbios experimentais do tipo
batelada, em delineamento inteiramente casualizado. Os níveis utilizados do aditivo
promoveram mudanças no comportamento de ruminação dos animais e apesar de causarem
redução linear da digestibilidade dos nutrientes, mantiveram o equilíbrio entre a síntese e
consumo de N-NH 3 ruminal, mantiveram a eficiência de síntese de proteína microbiana e
reduziram linearmente a produção de CH 4 ruminal sem, contudo, reduzir a produção de ácidos
graxos de cadeia curta (AGCC), demonstrando que os taninos interferiram diretamente sobre
as archeas metanogênicas. Através do modelo Broken-line encontrou-se o limiar de 0,72% de
taninos na dieta como ponto de inflexão para iniciar a diminuição da produção de CH 4
ruminal. O processo de biodigestão dos dejetos não foi modificado pelo uso dos taninos, no
entanto, as taxas de crescimento das produções de CH 4 e CO 2 foram influenciadas pela
composição dos dejetos dos diferentes grupos de bovinos avaliados, sendo mais acentuada
para os animais do grupo leite, podendo ser um fator positivo para redução do tempo de
biodigestão. Portanto, a utilização de extrato de Acacia mearnsii até níveis de 1,5% da MS da
dieta demonstrou ser uma opção segura como aditivo alimentar para bovinos de grupos
distintos, com potencial para mitigação de CH 4 ruminal sem afetar o tratamento de resíduos
pelo processo de biodigestão anaeróbia.