O presente estudo busca compreender quais são as concepções pedagógicas e
científicas de docentes universitários que atuam em um curso de licenciatura em
ciências biológicas, bem como, entender as relações e distanciamentos entre estes
dois eixos no processo de formação desses docentes para o magistério superior. De
acordo com alguns autores (SANTOS 2010; CAPRA, 2002; MORIN, 2003), entendese
que ainda está muito presente no campo da formação de professores em ciências
biológicas o caráter positivista, oriundo das ciências naturais, que historicamente se
instaurou e que pode vir a impactar o exercício da docência, sendo esta uma das
hipóteses que motivaram os pesquisadores a investigar as temáticas apresentadas.
Por meio de entrevistas semiestruturadas com docentes universitários das diferentes
disciplinas das grandes áreas da biologia, procurou-se identificar suas compreensões
sobre ensino, saberes pedagógicos, metodologias, desafios da educação, bem como,
sua compreensão de ciência, sua evolução, seus enunciados, a lógica de sua
construção, sua relação com a sociedade. Os estudos de Cunha (2000, 2007),
Pimenta (2010), Almeida (2012), Veiga (2012) e Pérez-Goméz (1998), Santos (2004,
2010), Mayr (2005), Morin (2003) e outros sustentaram a análise dos dados. Os
achados apontaram que o ensino de biologia no curso de licenciatura está pautado na
transmissão de um conhecimento estático, a-histórico e atemporal, prevalecendo a
valorização do saber do campo científico específico sobre o conhecimento
pedagógico. Evidenciou-se também que, apesar de compreenderem as necessidades
de rompimento com práticas tradicionais de ensino, os professores possuem poucas
alternativas metodológicas e avaliativas para pôr em prática, fruto de uma preparação
pedagógica deficitária no âmbito da pós-graduação, agravada pelo entendimento de
que basta o saber científico da disciplina para saber ensiná-lo.