amplamente distribuídas na América Central e do Sul. No Brasil, a distribuição do Brycon orbignyanus é na bacia hidrográfica do Rio Paraná e o Brycon amazonicus no Rio Amazonas e nos seus principais afluentes. Estas espécies têm uma importância ecológica e socioeconômica, no entanto, devido a fatores como a construção de hidroelétricas, captura de indivíduos jovens, pesca predatória e contaminação ambiental, as populações naturais vêm diminuindo. O gênero Brycon é o mais representado no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção, com seis espécies incluídas, sendo a piracanjuba (B. orbignyanus) uma entre elas. Para mitigar a diminuição das populações naturais, vêm sendo desenvolvidas pesquisas na área de conservação. Assim, o presente projeto teve como objetivo o desenvolvimento inédito de locus microssatélites para B. orbignyanus e análise da diversidade genética de uma população natural da Ilha da Marchantaria (IM) e uma subpopulação estoque de piscicultura de Nova Mutum (NM) B. amazonicus. Foram coletadas amostras de nadadeira caudal em B. orbignyanus do Rio Tietê, e 68 amostras de B. amazonicus: 33 de uma população natural da Ilha da Marchantaria (IM), e 35 de um estoque de piscicultura em Nova Mutum (NM). No desenvolvimento dos locus foi possível a identificação e caracterização de 12 locus microssatélites para a espécie B. orbignyanus, identificou-se sete loci polimórficos e 22 alelos, com uma variação de 1 a 3 alelos por locus. O conteúdo de informação polimórfica variou de 0,054 a 0,542, quatro loci apresentaram desvio significativo no Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Dois loci apresentaram presença de alelos nulos. Testes de amplificação cruzada em duas espécies próximas revelaram que 11 loci são transferíveis para a espécie Brycon gouldingi e nove são transferíveis para Brycon falcatus. Na análise de diversidade genética de B. amazonicus foi observado um total de 41 alelos com tamanhos entre 187 e 318 pb, com presença de alelos exclusivos e de baixa frequência nas duas populações, com maior predominância em IM. A heterozigose observada (Ho) foi maior nos locus Bom13 e Bh6 (IM) e Bh6 (NM) os quais não apresentaram déficit de heterozigotos, resultando em um (FIS) negativo, porém, os locus Bag22, Bh5, Borg25 e Bag27 (IM) e Bom13, Bag22, Borg59, Bh5 e Bag27 (NM) evidenciaram um déficit de heterozigotos. A Análise da Variância Molecular (AMOVA) mostrou uma maior variação dentro das populações do que entre eles. A diferenciação genética foi moderada e significativa entre as duas populações. A análise Bayesiana realizada pelo programa Structure designou um valor de K = 2. Como resultado, novos locus microssatélite foram desenvolvidos para B. orbignyanus os quais poderão ser utilizados em estudos de variabilidade genética e estruturação populacional neles e em espécies correlacionadas. Quanto à análise da diversidade genética, devem ser adotadas algumas medidas com o fim de aumentar a variabilidade genética, como a incorporação de novos indivíduos, especialmente em NM. O constante monitoramento genético deve ser uma prioridade com o fim de direcionar medidas de controle dos acasalamentos nas pisciculturas.