Entrevistas envolvendo técnicos ligados à área de confinamento são frequentemente utilizadas com o intuito de descrever as práticas nutricionais e de manejo em diversos países. Desta forma foi elaborado e aplicado um questionário com 78 questões pela ferramenta SurveyMonkey®. Este questionário foi dividido em seis seções: (i) informações sobre o entrevistado (n = 2); (ii) critérios de abate (n = 35); (iii) informações sobre preço (n = 9); (iv) opções de manejo dos animais (n = 21); (v) distribuição dos animais nas baias (n = 5); e (vi) formulação de dietas (n = 6). Os entrevistados constituíram três grupos, sendo nutricionistas consultores (NC; n = 23), proprietários de confinamento (PC; n = 21) e gerentes de confinamento pertencentes a frigoríficos (GF; n = 8). A maioria dos entrevistados possuíam ensino superior, de acordo com 86% dos respondentes, e no total, eram responsáveis por 1.104.990 cabeças confinadas em 2015. Cerca de 58% dos entrevistados realizavam dois ciclos de confinamento por ano, cada ciclo com um período entre 80 e 100 dias de acordo com 44% dos entrevistados. Mais de 80% dos animais confinados pelos entrevistados eram machos, de acordo com 65% dos respondentes. Estes machos eram inteiros para 73% dos entrevistados, predominantemente da raça Nelore (75%). Os animais confinados possuíam idade média de 24,7 ± 0,84 meses e entraram com 378,1 ± 8,9 kg, saíram com 511,4 ± 10,7 em 107,6 ± 11,1 dias de confinamento. Na formação inicial dos lotes, o peso foi a característica mais usada (75%), entretanto, aproximadamente 71% dos entrevistados utilizaram uma combinação de critérios, como por exemplo, o sexo, a raça e o peso. Ferramentas computacionais foram utilizadas para gerenciamento do confinamento (71%) e na formulação das dietas (69%). Entretanto, 61% dos entrevistados não usaram nenhum software específico para caracterizar os animais na entrada do confinamento. O principal custo operacional (retirando os alimentos e o boi magro) foi a mão de obra (69%). As consultas sobre preços de itens alimentares e não alimentares foram realizadas diretamente com fornecedores finais por 59% dos entrevistados. Altos custos dos alimentos (52%) e os baixos preços do boi gordo (42%) eram motivadores da redução do número de animais ou da não realização do confinamento. Critérios econômicos mostraram-se determinantes na definição do período de confinamento, como a espera por melhores preços do boi gordo (36%) ou por bonificação em razão de melhor acabamento (29%). Os confinadores verificam o preço de mercado do boi terminado principalmente através da internet (61%). O destino dos animais era o mercado interno para 69% dos entrevistados e 60% dos respondentes também vendiam para o mercado externo por meio dos frigoríficos. O momento do abate foi definido, majoritariamente (71%), pelos gerentes do confinamento. Os resultados demonstraram que 65% dos entrevistados utilizaram o peso e o acabamento, ambos estimados visualmente, para indicar o momento do abate. Um feedback sobre a carcaça foi repassado ao responsável por essa decisão (71%) e 61% dos entrevistados ressaltaram a importância desta informação na melhoria da decisão. Dificuldades na identificação do momento ideal para o abate foram desafios descritos pelos entrevistados e 84,6% dos respondentes reconheceram que o método atual pode ser melhorado. Apenas um terço dos entrevistados (33%) vendia animais utilizando contratos futuros. O rendimento de carcaça (38%) e o preço da arroba (25%) foram os principais fatores na utilizados pelos entrevistados para escolha do frigorifico para abate. Os principais critérios mencionados como bonificação na carcaça foram: idade e sexo, adequação para exportação, rastreabilidade e características da carcaça (como gordura subcutânea, peso, área de olho de lombo e gordura) e raça. Em contraposição, segundo os entrevistados, as principais penalidades nos valores da carcaça ocorrem por condenação pelo serviço de inspeção federal, características da carcaça, lesões por vacinas, contusões, idade, sexo e resíduos de medicamentos. Verificou-se que parâmetro de qualidade da carne (e.g. maciez, marmoreio) não foi critério relevante nem para bonificação (5%) nem para penalização (3%). Os resultados deste trabalho descreveram vários parâmetros do manejo e da comercialização dos confinamentos nacionais. Os entrevistados fazem pouco uso das ferramentas de hedge, bem como utilizam poucas ferramentas computacionais para otimizar a atividade. A determinação do ponto de abate é feita com grande subjetividade, baseando-se quase que exclusivamente em avaliações visuais tanto para peso quanto para acabamento.