Haja vista as barreiras na degradabilidade da fração fibrosa dos alimentos, dois experimentos foram conduzidos com o objetivo de avaliar o uso de enzimas fibrolíticas exógenas (EFE) com atividades de xylanase e celulase em dietas de confinamento para gado de corte, dando origem a um capítulo desta dissertação. No primeiro experimento, o objetivo foi determinar o efeito da enzima fibrolítica na dieta de machos inteiros da raça Nelore terminados em confinamento com dietas contendo duas fontes e dois níveis de volumoso. Duzentos e sessenta e quatro animais foram distribuídos em 48 baias pelo peso vivo inicial (371 ± 18,7) em um delineamento em blocos casualizados com arranjo fatorial 2 × 2 × 2. O período de terminação foi de 95 dias e as dietas continham, na base seca, EFE ou não (0,75 ml/kg de MS; ABVista, Marlborough, UK), 8,5 ou 12,5% de bagaço-de-cana-de-açúcar (SCB) ou de feno de gramínea (GH), 59 ou 55% de milho moído, 15% de farelo proteinoso de milho (corn gluten feed), 15% de casca de soja, 1,5% de minerais e vitaminas com monensina e 1% de ureia. A adição de EFE não afetou significativamente os dados de desempenho animal (P>0,10). O CMS foi maior para as dietas com 12,5% de volumoso (P<0,01) e para as dietas com feno (P=0,01), mas a EA (GPD/CMS) foi maior com 8,5% de volumoso (P<0,01) e tendeu a ser maior com SCB (P=0,07). As energias líquidas para a manutenção (ELm) e para o ganho (ELg) observadas foram maiores para o nível de inclusão de 8,5% (P<0,01) e para o SCB (P=0,04). No segundo experimento, o objetivo foi avaliar parâmetros ruminais, digestibilidade do trato digestivo total e comportamento alimentar de oito novilhos Nelore (396 ± 1,4 kg) recebendo as mesmas dietas que no experimento de desempenho. Os novilhos foram designados a dois Quadrados Latinos (LSQ) 4 × 4 independentes com arranjo fatorial 2 × 2, em que cada LSQ recebeu uma fonte de volumoso diferente. Para os bovinos alimentados com SCB, a digestibilidade dos nutrientes não foi afetada pelo nível de volumoso nem pela presença de EFE (P>0,10). Para os animais alimentados com GH a digestibilidade da PB foi maior com 8,5% do que com 12,5% de volumoso na dieta (P=0,01). A suplementação com EFE tendeu a aumentar as digestibilidades da MS (P=0,08) e da PB (P=0,06) das dietas com GH. Para os animais alimentados com SCB a proporção molar de isovalerato (P<0,01) foi menor com 12,5% de volumoso na dieta e houve tendência de redução na concentração total de AGV (P=0.06) e na proporção molar de valerato (P=0,07) em comparação com 8,5% de SCB. A suplementação com EFE tendeu a aumentar a proporção molar de isovalerato (P=0,09) para dietas com SCB. Nos tratamentos com GH, a relação acetato:propionato foi menor com a inclusão de 8,5% de volumoso (P=0,04). A suplementação com EFE tendeu a diminuir a proporção molar de propionato (P=0,06) e aumentou a relação acetato:propionato (P=0,03) e as proporções molares de isobutirato e isovalerto (P<0,01). Concluindo, a suplementação com EFE não melhora o desempenho de bovinos confinados com dietas contendo SCB ou GH, mas resulta em alguns efeitos positivos na digestibilidade e altera alguns parâmetros ruminais de animais alimentados com GH. A inclusão de 12,5% de SCB ou GH na dieta de bovinos confinados contendo milho flint moído, casca de soja e farelo proteinoso de milho, aumenta o CMS, mas diminui a EA comparada com a inclusão de 8,5% dessas fontes de volumoso. Nos níveis de inclusão de 8,5 ou 12.5% da MS da dieta, o SCB reduz o CMS, sem alteração no GPD e consequentemente melhora a EA de bovinos confinados com dietas contendo milho flint moído, casca de soja e farelo proteinoso de milho.