Bullying é um vocábulo inglês, que expressa maus tratos, brincadeiras de mau gosto, intimidação, exclusão ou atitudes que empregam violência física. Existem três critérios para sua identificação: repetibilidade, intencionalidade e desigualdade de poder entre pares. Meninos praticam mais bullying direto (verbal e físico) e meninas o indireto (subjetivo). Consequências dependerão da frequência, duração e severidade da agressão e compreendem desde problemas de socialização, transtornos acadêmicos, físico-emocionais a suicídios. A escola, espaço de consolidação do saber e de trocas afetivas com amigos, é também local de maior ocorrência de bullying durante a adolescência, período de transformações corpóreas, de oscilação emocional, de busca de identidade e comportamento impulsivo e transgressor. No processo de intervenção anti-bullying, recorre-se a fatores de proteção internos como Inteligência e Competência Social buscando estratégias de superação a fim de reduzir a
vulnerabilidade e promover a resiliência em jovens. Foi realizado estudo transversal com 507 adolescentes (11 a 17 anos), ambos sexos, no ensino fundamental-2 e ensino médio, em escolas públicas e privadas com objetivo de verificar ocorrência de bullying e fatores protetores associados a este evento, identificando a influência do
nível intelectual e da competência social no bullying, entre adolescentes no contexto escolar. O questionário socioeconômico e demográfico foi aplicado individualmente. A incidência de Bullying foi mensurada pela Escala de Avaliação do Bullying Escolar – EAB-E. A Inteligência foi avaliada pelas Matrizes Progressivas de Raven- Escala Geral e a Competência Social através do Youth Self Report - YSR. Dentre os adolescentes pesquisados, 161 estavam envolvidos em bullying (31,8%), sendo 35 vítimas, 110 agressores e 16 vítimas-agressoras. Vítimas preponderaram aos 12 anos (meninos) e 15 anos (meninas). A renda familiar foi acima de 5 salários mínimos. A maioria era
composta de adolescentes brancos, eutróficos, em atividades grupais, coabitando com pais, de religião evangélica, com mais de 5 amigos e escolaridade materna no ensino médio (alunos de escolas públicas) e ensino superior (alunos de escolas privadas). O tipo de escola não interferiu na ocorrência de bullying. Meninas prevaleceram como vítimas (11,2%) e vítimas-agressoras (6,8%), enquanto meninos se apresentaram agressores (42,2%). A incidência de envolvidos em bullying é maior em meninos (37,5%), especialmente no ensino fundamental-2 (40%).
Não houve correlação significativa entre Bullying, Inteligência e Competência Social na amostra total (n=507) e envolvidos (n=161). Entretanto, existe tendência de correlação inversa entre vítima e competência social total e escolaridade do aluno. Vítima-agressor apresenta correlação com competência em atividade, competência social total e escolaridade materna.