Introdução: A alta prevalência de claudicação em equinos é preocupante, principalmente quando envolve cavalos atletas por diminuírem performance e pelo impacto econômico. Quando a dor se torna incontrolável, em muitos casos, há indicação de eutanásia. O bloqueio contínuo de nervos periféricos é uma técnica bem conhecida em seres humanos, mas ainda não foi bem estabelecida na Medicina Veterinária, principalmente na espécie equina. Objetivo: Desenvolver a técnica de bloqueio contínuo dos nervos mediano e ulnar, guiado por ultrassom, em equinos para controle da dor refratária aos tratamentos analgésicos convencionais. Métodos: Após aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP) e da Faculdade de Medicina (FM-USP), ambas da Universidade de São Paulo, o estudo foi dividido em duas fases: na primeira, in vitro, foram utilizadas 16 peças anatômicas de membros torácicos de equinos. Nessa fase, também foram avaliadas: anatomia topográfica, sonoanatomia, técnica de agulhamento e fixação de cateter perineurais, sendo ainda realizados estudos de tomografia computadorizada com renderização de imagem para comprovação da localização das infiltrações e fixação dos cateteres. A segunda fase, in vivo, foi realizada em 18 animais saudáveis, sendo seis cavalos da raça Quarto de Milha, seis cavalos da raça Árabe e seis cavalos da raça Brasileiro de Hipismo de sexo, peso e idade variados. Neles foram realizados estudos de imagens de ultrassonografia e efetuadas as medidas externas, definindo janela acústica para abordagem dos nervos e medidas internas, bem como definindo profundida e área dos nervos-alvos. As infiltrações nos nervos foram realizadas com solução constituída de gel à base de celulose, contraste iodado e azul de metileno. Resultados: Os estudos in vitro e in vivo foram primordiais para o desenvolvimento da técnica de BCNP guiado por ultrassom, possibilitando, com a visualização em tempo real, que a inserção da agulha, a dispersão da solução e a implantação do cateter fossem alcançadas com uma acurácia de 100%. Conclusão: A utilização do ultrassom mostrou-se prática, permitindo visualização, em tempo real, da agulha, do cateter e da dispersão do fármaco, evitando lesões de nervos, músculos e vasos sanguíneos, aumentando, consequentemente, a taxa de sucesso dos bloqueios anestésicos e possibilitando seu emprego na clínica de equinos. No entanto, serão necessários estudos clínicos que venham comprovar a aplicabilidade dessa técnica e a eficácia dos bloqueios contínuos nos nervos propostos. (CAPES DS/PROAP - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (CAPES)- Finance Code 001 and by Medical Investigation Laboratory Institution)