O sistema de produção de leite a pasto com suplementação, tem como principal função manter a produção de leite nas entressafras, uma vez que neste período tem-se baixa disponibilidade e qualidade nutricional das forragens. Além disso, a suplementação ao longo do ano com volumosos conservados e fontes de carboidrato como amido, possibilita aumento de produtividade por animal. Neste sentido, esse sistema de produção permite maior flexibilidade quanto à sua intensificação ou desintensificação, também perante a análise de sua situação econômica. A assistência técnica e gerencial contínua, é um modelo de assistência técnica associada à consultoria gerencial, que busca evidenciar o controle dos custos de produção relacionados à indicadores de eficiência técnica e produtiva da atividade leiteira. Neste contexto, o poder público oferece um programa de assistência técnica e gerencial, o ATeG-SENAR; porém, estudos que avaliam o impacto dessa forma de assistência, ainda são escassos. Portanto, os objetivos dos autores com o presente estudo foram caracterizar indicadores produtivos, econômicos e técnicos, de unidades produtoras de leite (UPL) em sistema baseado em pastagem com suplementação, que recebem assistência técnica e gerencial público-privada (ATeG-SENAR). Secundariamente, buscou-se identificar os indicadores referência que estimam a rentabilidade do sistema, bem como avaliar a homogeneidade da rentabilidade entre as UPL, por meio da análise de agrupamento. Foram avaliadas 87 UPL, e estas por sua vez, apresentaram 21,88±13,40 ha destinados à pecuária, produção média diária de 341,31±177,42 litros, 15,13±3,90 litros/vaca/dia, um total de 26,36±10,27 vacas e 22,00±8,79 vacas em lactação. As UPL obtiveram rentabilidade de 2,72±4,16% e 4,85±7,08% com terra, e sem terra, respectivamente. A análise de agrupamento mostrou que das 32 variáveis analisadas, 5 delas (margem bruta, margem líquida, taxa de remuneração do capital sem terra (TRCST), em %, custo variável e custo fixo, em Reais) definiram a formação de dois grupos de UPL, diferentes entre si quanto a rentabilidade da atividade. O grupo 1 obteve superioridade comparado ao grupo 2 (P<0,05), nos seguintes indicadores: vacas em lactação (27,84 vs. 18,06 cabeças/mês); vacas em lactação/total do rebanho (47,65 vs. 41,84 %); produção de leite média (502,72 vs. 232,67 L/dia); produção de leite/vaca (18,26 vs. 13,02 L/cab./dia); produção de leite/área para pecuária (8.499,28 vs. 4.966,30 L/ha/ano); lucro (64.271,67 vs. 2.874,90 R$/ano); TRCST (15,68 vs. 4,55%); rentabilidade sem terra (11,52 vs. 0,35%), e; rentabilidade com terra (6,53 vs. 0,14%). Consequentemente, o grupo 1 obteve uma maior remuneração, comparado ao grupo 2. Portanto, conclui-se que a caracterização do sistema de produção a pasto com suplementação, associado à assistência técnica e gerencial público-privada, é relevante para reconhecer problemas ou oportunidades da atividade leiteira. Também, concluiu-se que a rentabilidade foi heterogênea, devido à formação de dois grupos de UPL a partir da diferenciação das informações/indicadores avaliados, independentemente de todas as UPL terem igual sistema de produção de leite e receberem assistência técnica e gerencial de igual base metodológica. A diferença entre os grupos se deveu a fatores como escala de produção, intensificação do uso da terra e uso de concentrado, e melhor dimensionamento do rebanho. Demonstrou-se que melhores indicadores técnicos, produtivos e econômicos foram obtidos quando produtores demonstraram melhor eficiência técnica-produtiva.