O objetivo deste estudo foi verificar a disseminação ambiental de cepas de Escherichia coli em propriedades suinícolas do Oeste de Santa Catarina e utilizá-la como biomarcadora para avaliar o perfil fenotípico da susceptibilidade aos antimicrobianos, a possível presença de ESBLs (Beta-Lactamases de Espectro Estendido) e genes responsáveis pela resistência às fluoroquinolonas. Foram utilizadas para o isolamento de E. coli o total de 306 amostras, sendo 103 amostras de fezes suínas, 105 de água e 98 de solo oriundas de propriedades suinícolas dos municípios com maior produção de suínos do oeste catarinense. Os isolados de E. coli foram submetidos ao antibiograma com os antimicrobianos: amoxicilina associada ao ácido clavulânico (20/10 μg), ceftiofur (30 μg), enrofloxacina (5 μg), gentamicina (10 μg), sulfametoxazol associado ao trimetoprim (1,25/23,75 μg) e colistina (10 μg). Os isolados também foram submetidos ao teste de disco aproximação indicador da produção de ESBLs e pesquisa via PCR dos genes blaCTY-M2, blaSHV-1, blaTEM-1, blaCTX-M2, blaOXA-1, blaPSE-1, responsáveis pela produção de ESBLs e dos genes qnrA, qnrB e qnrS que conferem resistência às quinolonas e fluoroquinolonas. O percentual de isolamento de E. coli encontrado para as amostras de fezes, água e solo foi de 66,02%, 30,48% e 35,71% respectivamente. Os maiores percentuais de resistência obtidos foram para os antimicrobianos sulfametoxazol associado ao trimetoprim (63,70%), colistina (45,19%) e enrofloxacina (39,26%). Quanto aos níveis de multirresistência foi possível observar que 37,04% dos isolados eram resistentes a três ou mais classes de antimicrobianos. Dos perfis de multirresistencia avaliados, o perfil A (GEM-SUT-ENO-COL) foi o mais comumente encontrado (16%). Detectamos valores de IRMA (Índice de Resistência Múltipla aos Antimicrobianos) acima de 0,2 em 78% das amostras multirresistentes. Dos 135 isolados foi possível detectar cepas produtoras de ESBLs (7,41%), onde destas, 60% apresentaram positividade para o gene blaTEM-1, 50% para o gene blaCMY-M2 e 90% para os genes qnrS. Das cepas resistentes à enrofloxacina não produtoras de ESBLs apresentaram positividade para o gene qnrS e qnrB, 17,39% e 2,17%, respectivamente e o gene qnrA não foi detectado. Os resultados obtidos neste estudo, utilizando a E. coli como biomarcadora, demonstraram a contaminação de amostras ambientais por microrganismos de origem fecal, além, dos altos índices de resistência, presença de genes produtores de beta-lactamases e de resistência a fluoroquinolonas, reforçando ainda mais a necessidade do uso consciente dos antimicrobianos e também do tratamento adequado de dejeto s e efluentes.