O desenvolvimento de embalagens ativas para preservação de frutos pode prolongar o tempo de armazenamento, mantendo a composição nutricional e integridade física. Este trabalho visou desenvolver um novo e sustentável material de embalagem ativa para adsorver o fito hormônio etileno a partir de um revestimento de quitosana incorporando adsorventes do gás etileno em folhas de papel Kraft e estudar a estabilidade de frutos climatéricos acondicionados neste material de embalagem. O sistema consistiu na interação da quitosana, um polímero natural proveniente do descarte da indústria pesqueira, e um material capaz de adsorver o fito hormônio etileno (zeólita ou carbono ativado).O trabalho foi dividido em 3 etapas. Na primeira etapa foi realizadaa impregnação de prata no material adsorvente (zeólita NaY ou carbono ativado) nas proporções de 5% e 10%. Isotermas de adsorção de etileno, nitrogênio e gás carbônico nestes adsorventes foram determinadas. A zeólita impregnada com 10% de prata foi escolhida para o revestimento do papel Kraft, a segunda etapa, baseada no melhor desempenho na adsorção de etileno.Um planejamento fatorial 22, com três repetições no ponto central, foirealizado para delinear as condições de revestimento do papel Kraft, com as variáveis, concentração de quitosana (1-2% mm-1) econcentração de zeólita(0,2-1,2% mm-1). As suspensões de quitosana/zeólita foram submetidas à moldagem mecânica em folhas de papel e secas. Os papéis revestidos foramcaracterizados quanto àgramatura, capacidade de absorção de água (Teste Cobb), rigidez Taber, capacidade de adsorção de etileno e área de superfície BET. O papel revestido com 2% de quitosana e 1,2% de zeólita apresentou menor capacidade de absorção de água, aumento na rigidez, além do melhor desempenho na adsorção de etileno, comparado aos demais tratamentos. A terceira etapa consistiu na avaliação da eficiência do material de embalagem no acondicionamento dotomate cereja, um fruto climatérico. Variáveis como perda de massa, pH, textura, sólidos totais, acidez titulável, compostos fenólicos e carotenóides foram avaliadaspor um período de 30 dias a 25±2oC. Os tomates cereja acondicionados no sistema ativo apresentaram menor perda de massa e textura, que foi associado à capacidade de adsorção de gás etileno, reduzindo a velocidade de amadurecimento. Os revestimentos de filmes ativos de quitosana em folhas de papel Kraftapresentaram potencial de aplicação no acondicionamento de frutos climatéricos visando à redução da velocidade de amadurecimento, com vantagens da fácil biodegradação e reciclabilidade.