MARINHO, Alessandro Simões. Competências Gerenciais na Atenção Primária:
Avaliação de Habilidades Sociais de Enfermeiras Gestoras em Equipes de Saúde da
Família. 129p Dissertação (Mestrado em Psicologia). Instituto de Educação, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2018.
Frente aos desafios que perpassam os serviços públicos em saúde no contexto da atenção
primária, evidencia-se o redirecionamento de uma lógica assistencial rumo a novas ações
estratégicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, foram instituídas, como
reguladoras destes serviços, as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), estruturadas
para oferecer um cuidado multiprofissional e resolutivo em reconhecimento à integralidade do
sujeito. Em meio à complexidade do cenário, fundamentam-se políticas cujos propósitos se
debruçam sobre processos de formação e de educação permanente dos profissionais de saúde,
visando o desenvolvimento de habilidades técnicas e interpessoais, incluindo aquelas
necessárias para a função de gestão. Por conseguinte, vislumbrando a atuação de enfermeiros
gestores, o presente trabalho objetivou investigar o repertório de habilidades sociais de oito
enfermeiras responsáveis pela gestão de equipes de Saúde da Família do município de Rio
Claro, no Estado do Rio de Janeiro. Na pesquisa, de natureza descritiva, utilizou-se, no
processo de coleta de dados, instrumentos de autorrelato capazes de explorar aspectos tanto
quantitativos como qualitativos. Assim, foi aplicado o Inventário de Habilidades Sociais
(IHS) de Del Prette e Del Prette no intuito de avaliar, de maneira geral, recursos e déficits
destas habilidades no repertório das participantes. Em seguida, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas, mediante roteiro que incluía questões voltadas para a autopercepção das
enfermeiras no que tange às competências de gerenciamento e habilidades sociais. Na
apuração dos dados do IHS, foram analisados os resultados médios do grupo de gestoras em
relação ao escore total e dos cinco fatores que compõe o instrumento. Nas entrevistas, a
análise de conteúdo foi realizada à luz de Bardin mediante a categorização dos relatos obtidos.
Os resultados apontaram evidências de recursos característicos de classes de habilidades
sociais como: empatia, assertividade, expressão de sentimentos positivos e habilidades de
partilha de conhecimento. Outra classe presente foi a de resolução de problemas, constante no
rol de habilidades consideradas, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), como essenciais na atuação de gestores. Em contrapartida, observou-se limitações
em certas habilidades como dificuldades para comunicação clara e eficaz, em especial a baixa
assertividade, e dificuldades em mediar conflitos interpessoais. A capacitação foi citada pelas
participantes como um meio eficaz para a aquisição e aperfeiçoamento dessas habilidades. Em
relação às dificuldades encontradas para o bom desenvolvimento de suas próprias habilidades,
a maior parte das enfermeiras evidenciaram a falta de tempo e a sobrecarga de funções,
concernentes à execução de atividades assistenciais paralelamente às gerenciais. Não
obstante, os resultados alcançados mostraram um bom repertório de habilidades gerenciais e
sociais no grupo estudado, mas com evidências da utilidade de experiências sistemáticas para
o aprimoramento de suas competências, sobretudo no que se refere a habilidades essenciais no
trabalho de gerentes no campo da saúde pública. Ademais, destaca-se a necessidade de mais
estudos na área, a fim de potencializar o dinamismo e as implicações práticas das produções
científicas sobre as habilidades sociais no âmbito gerencial em saúde.